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277. Corpus Christi

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27.06.2023 | 1 minutos de leitura
Frei João F. Júnior - OFMCap
Crônicas
277. Corpus Christi
“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma.
Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía,
mas tudo entre eles era comum.” (At 4,32)

Eu já me acostumei 
Viver não sei
Sem partilhar o pão
Sem partilhar o vinho
Que eu creio ser teu corpo
Teu sangue meu conforto
Ao longo do caminho
Padre Zezinho

Era um sábado, naqueles finais de tarde de inverno, quando o céu fica de um azul fundo e o sol oblíquo se esparrama sobre as coisas, beijando-as de dourado antes de se esconder no frio. E eu cheguei à comunidade pra missa. 
Era uma comunidade pequena, que ensaiava os inícios da construção de sua igrejinha. Por ora, rezávamos no lote, cada qual com sua cadeira, alguns embaixo de uma lona colorida, a mesa do altar feita provisoriamente de uma pilha de blocos da própria construção, encimados por um tampo de granitina tirado de outro lugar. Mas tudo muito limpo, forrado e enfeitado com flores colhidas nos jardins das casas. No fundo do lote, feita dos mesmos blocos, ficava uma mesa onde se vendiam produtos em prol da construção: doces, pasteis, macarrões e todo tipo de comidas gostosas de igreja - cheirosas e convidativas aos "améns" que dessem logo permissão à festa - segunda parte obrigatória da eucaristia de toda semana. 
Naquela tarde, se expunham nessa mesa muitos pães, desses caseiros: vistosos, corados, bonitos e cheirosos. A ponto de minha curiosidade (e gulodice?) me levar pra lá já antes da missa. Perguntei sobre "de quem eram as prendadas mãos que nos ofereciam aqueles dons tão bonitos". E eis a anáfora que recebi de volta: 
"São da minha irmã, frei; aquela sentadinha lá na frente. Ela está desempregada há algum tempo já... Um dia desses, ela esteve lá em casa e disse que estava muito pesarosa de não conseguir participar das ações da comunidade, pra ajudar na construção e no que mais fosse preciso. Daí, ela me fez uma proposta: eu compraria as farinhas e ela amassaria os pães. E nós traríamos pra cá, pra vender depois da missa. O que vendesse, seria como o dízimo dela pra comunidade. Eis aí". 
Apressei-me em comprar três, dos mais bonitos, e ensacolei no embornal, junto com as estolas e outros panos de missa, pra levar pros meus irmãos. Afinal, não acredito em missa sem povo e aquilo era eucarístico demais pra eu comungar sozinho.

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