288. Janela da vida
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28.05.2024 | 3 minutos de leitura

Crônicas

“A lâmpada do corpo é teu olho”
(Lc 11,34)
“Não quero morrer nunca,
porque temo perder
o que dessa janela se desdobra em tesouros”
(Adélia Prado)
No poema Viação São Cristóvão, Adélia Prado descreve uma viagem de ônibus, durante a qual ela se surpreende com o que seus olhos contemplam através da janela do veículo.
Para quem não sabe, em nossa região, existe uma empresa de ônibus que tem o nome do santo padroeiro dos motoristas. Por isso, a poesia recebeu esse título. Na viagem descrita no poema, Adélia está indo ou voltando para Divinópolis, passando pela estrada de Carmo da Mata.
É interessante as tantas coisas que ela vê pelo caminho e mais tarde consegue transformar em versos. Porém, o mais bonito é que a poetisa utiliza a janela do ônibus como metáfora da janela da vida. E, consequentemente, a viagem de ônibus representaria a grande aventura da travessia da vida.
"Não quero morrer nunca
porque temo perder o que desta janela
se desdobra em tesouros...
O ônibus para,
Mas a vida não...
Uma hora e meia de viagem
e a vida é boa que dói...
Pode ser que o ônibus demore,
não ligo, não tem importância,
já fui, já voltei e além do mais,
não quero sair daqui"
Apesar de fazer outras divagações no decorrer do poema, o assunto principal é a vida. A vida que se desdobra através da janela do ônibus. A vida que não queremos perder e que desejamos viver intensamente.
Como Adélia, `as vezes, sentimo-nos frustrados ao sabermos que o "ônibus para, mas a vida não". Mesmo que percamos o ônibus, haverá a possibilidade de um outro passar. Contudo, a vida não para.
Ontem mesmo, uma amiga me perguntou angustiada: "Me dá uma informação: o tempo encolheu? Você está sentindo que o tempo encolheu? Porque estou sentindo que o tempo encolheu". Respondi que também tenho a mesma sensação. Parece que tudo está passando tão depressa!
E, hoje, lendo esse poema da Adélia, pensei muito na vida e no quanto desejo prosseguir essa viagem recheada de surpresas. Também temo perder os tesouros que se desdobram diante da janela, mas procurar me manter atento.
Em alguns momentos, tenho necessidade de escrever o que sinto; em outros, apenas vivo o encanto que me fascina diante da janela. A vida não para. Enquanto isso, continuo indo e vindo, fazendo a viagem e me surpreendendo com cada detalhe do caminho.
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