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294. Deus se fez pão

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08.07.2024 | 4 minutos de leitura
Yuri Lamounier Mombrini Lira
Crônicas
294. Deus se fez pão
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu”
(Jo 6,51)

Por um pedaço de pão e um pouquinho de vinho
Deus se tornou refeição e se fez o caminho” 
(Pe. Zezinho, SCJ)

Celebramos na festa de Corpus Christi o mistério de Deus que não se contentou apenas em caminhar lado a lado com seu povo pelos caminhos da história, mas que desejou se fazer humano. Deus quis ter um corpo, Ele quis ser gente e, em Jesus de Nazaré, o Divino se tornou humano. Mas, isso não bastou... Deus quis mais: Ele desejou fazer-se alimento. Deus quis ser pão! Na Festa do Corpo de Cristo, portanto, festejamos um Deus que é alimento, sustento para nossa caminhada. Festejamos e adoramos não a um Deus escondido, mas sim a um Deus que pode ser sempre encontrado na Eucaristia. 
No relato da Última Ceia, Jesus, na véspera de sua Paixão, se reúne com seus discípulos, os seus amigos mais próximos para celebrar a sua despedida. Naquele jantar, Jesus escolheu o pão e o vinho como sinais/sacramentos da sua presença. 
O pão é um alimento essencial para todos os povos. Jesus escolheu o pão, algo tão básico, para ser sinal da sua presença entre nós. O pão simboliza o nosso cotidiano: nossa peleja, nosso trabalho e nossos esforços. Por isso, a falta de pão nos preocupa. Quando percebemos que o pão pode faltar, ficamos muito angustiados. O Pão é sempre sagrado, mais valioso que o ouro, mais importante do que a gasolina. O pão é o nosso combustível.  
Porém o pão é mais saboroso quando é partilhado. Por isso, na última ceia, Jesus não celebrou o pão sozinho, mas reuniu seus amigos mais próximos e, assim, Jesus nos ensina que quem comunga o pão conosco é nosso companheiro e companheira. Aliás, é esse o significado literal da palavra companhia, do latim: “cum Panis”, aquele com quem partilhamos o pão. Por isso, assentar-se à mesa com alguém significa entrar em comunhão com aquela pessoa. Isso é muito forte, principalmente para nós que nascemos em Minas: não é qualquer pessoa que entra na nossa cozinha, somente é convidado a adentrá-la quem tem intimidade conosco. As pessoas com quem não temos essa intimidade ficam na sala de visitas. Talvez por isso foi com espanto que Jesus disse que aquele que o trairia era um dos que partilhavam da mesa e o pão com ele. 
Assim, Jesus na Eucaristia nos compromete com Ele. Pela Eucaristia, nos tornamos íntimos de Jesus, pois, ao receber Jesus, na comunhão, nós permitimos que ele entre em nosso coração e em nossa casa. Recebendo Jesus no pão da Eucaristia, nós manifestamos o desejo de partilhar com ele os mesmos ideais, nós nos comprometemos a transformar o mundo à luz do Evangelho. A Eucaristia é o nosso combustível; é o corpo de Cristo que nós nos abastece de coragem e força para nossa missão. Por isso, como fala a canção, “comungar é tornar-se um perigo”. Sim, comungar o corpo de Cristo é comprometer-se a ser sal da terra e luz do mundo! É permitir que sejamos transformados num ostensório, em sacrários vivos da Eucaristia. 
Na festa do Corpo de Cristo, as comunidades cristãs saem em procissão com o Santíssimo Sacramento pelas ruas da cidade. Como é bonito ver as ruas enfeitadas e o som alegre dos acordes festivos da banda de música para a passagem de Jesus Eucarístico. Mas não podemos nos esquecer das inúmeras procissões silenciosas com o Santíssimo que acontecem diariamente pelas ruas de nossa cidade. Toda vez que saímos da Missa, chegamos em casa e partilhamos com nossa família a alegria da fé que experimentamos, nós fazemos uma procissão com Jesus na Eucaristia.  Toda vez que levamos esperança para quem se desencantou com a vida, fazemos uma procissão com Jesus na Eucaristia. Toda vez que visitamos hospitais e presídios, toda vez que visitamos um idoso ou um enfermo, também realizamos uma procissão com Jesus na Eucaristia. Jesus não é um pão mágico. É presença que nos alimenta no caminho do seu seguimento.