159. Elogio da perda
Ler do Início
11.12.2023 | 2 minutos de leitura

Diversos

Talvez, viver seja, acima de tudo, aprender a perder. Mesmo que pareça contraditório à primeira vista, contrariando aquela expectativa de que a vida fosse um caminho no qual se ganhassem e se acumulassem muitas coisas – inclusive experiência, notoriedade, sabedoria... Aos poucos, aprende-se que, no largo da vida, invariavelmente, perde-se: perde-se muito, muitas vezes e de muitas maneiras. E, novamente contrariando aquela velha ilusão de compreender a vida como a sucessão de vitórias e sucessos, perder não é necessariamente ruim; ao menos, quando se aprende a perder.
Sem justificativas do ressentimento, mas no dizer do poeta: “de repente, a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa morna e ingênua, que vai ficando no caminho. [Caminho] que é escuro e frio, mas também bonito, porque é iluminado pela beleza do que aconteceu há minutos atrás”.
Caminhar implica deixar o caminho para trás, a cada passo; apegar-se a uma curva do caminho impede de caminhar – assim aprende o caminheiro. Esperar implica deixar os dias para trás, um após outro; apegar-se a um tempo ou a uma experiência, olhando permanentemente para trás, impede de viver olhando para frente – assim aprende o peregrino.
Isso não significa esquecer os passos dados ou as experiências vividas. Morre-se disso. Mas significa trazê-los na memória do coração, não como caminhos a serem repercorridos ou dias a serem revividos, mas como setas que ajudam a não se perder nas novas encruzilhadas, ou estrelas que, mesmo velhas e distantes, guiam caminho novo na noite escura e no mar incerto. Algo dessas experiências, portanto, se perde, se esvai... E resta delas o que deve restar, “a beleza do que aconteceu”, que torna o caminho por vezes “bonito” e “iluminado”, ainda que quase sempre “escuro e frio”.
Nesse sentido, é preciso perder para ganhar – se ainda for preciso utilizar essas categorias. Mas, dito de modo melhor: perde-se... e, na renúncia da pretensão de sempre ganhar, descobre-se a beleza do tanto que resta. Lá onde a ilusão de um amanhecer que dure para sempre, uma vez quebrada, revela a verdade e a beleza do ocaso.
-
21. Serviços de Proteção (II)31.03.2025 | 8 minutos de leitura
-
20. Serviços de Proteção (I)17.03.2025 | 6 minutos de leitura
-
19. Política de proteção (IV)10.03.2025 | 10 minutos de leitura
-
18. Política de proteção (III)24.02.2025 | 7 minutos de leitura
-
17. Política de proteção (II)17.02.2025 | 6 minutos de leitura
-
16. Olhando mais de perto: Política de proteção (I)10.02.2025 | 6 minutos de leitura
-
15. Olhando mais de perto: “abuso sexual”03.02.2025 | 8 minutos de leitura
-
122 - O medo de ver a realidade23.01.2025 | 1 minutos de leitura
-
14. Olhando mais de perto: abusos emocional, institucional e financeiro13.01.2025 | 16 minutos de leitura
-
13. Olhando mais de perto: “abusos”, “abuso de poder” e “abuso espiritual06.01.2025 | 14 minutos de leitura
- 21. Serviços de Proteção (II)31.03.2025 | 8 minutos de leitura
- 184. Fraternidade e Ecologia Integral21.02.2025 | 5 minutos de leitura
- 183. Um só povo, um só coração28.11.2024 | 6 minutos de leitura
- 182. Conversão, caminho de quem crê19.11.2024 | 3 minutos de leitura
- 181. A missão nossa de cada dia…31.10.2024 | 4 minutos de leitura
- 180. Um aprendizado26.09.2024 | 7 minutos de leitura
- 179. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A 2ª LEITURA DO 25º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano B25.09.2024 | 2 minutos de leitura
- 178. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A 1ª LEITURA DO 25º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano B23.09.2024 | 3 minutos de leitura
- 177. A fumaça que nos acordou19.09.2024 | 4 minutos de leitura
- 176. Achar o tesouro da vida23.08.2024 | 2 minutos de leitura