186. Devemos usar correntes para simbolizar que somos escravos de Maria?
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15.04.2025 | 4 minutos de leitura

Diversos

Luís Maria Grignion de Montfort escreveu o livro "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria". Essa é a sua principal obra e foi escrita em 1843, logo século XIX. Em tempos de crescente secularização, o livro apresenta um método de consagração a Jesus Cristo através da Virgem Maria numa tentativa de frear esse processo.
O objetivo de Montfort é anunciar que o caminho para encontrar Jesus Cristo passa por confiar na Virgem Maria. Enfatiza a importância da devoção a Maria como meio de aprofundar o relacionamento com Cristo. O livro defende uma consagração total a Maria, vendo-a como uma mãe espiritual que guia os fiéis a uma fé mais profunda e à adesão às virtudes cristãs.
Além disso, o livro destaca o papel de Maria como advogada e intercessora, guiando os fiéis a um relacionamento mais profundo com Jesus Cristo. Ser advogada significa que Maria intercede em nome dos pecadores e os defende diante de Deus, usando sua influência e poder como Mãe do Filho de Deus para implorar por graça e perdão em nosso nome. Montfort enfatiza que, por meio de Maria, podemos obter mais facilmente a misericórdia de Deus. Para ele, o papel de Maria como advogada é uma extensão natural de seu papel como Mãe. Assim como uma mãe advoga por seus filhos, Maria advoga por toda a humanidade, seus filhos espirituais, diante do trono de Deus.
Para ele, o cristão deve fazer uma consagração total de si à Santíssima Virgem Maria, na qual o devoto se entrega de bom grado e alegremente para ser o "servo" de Maria. Isso envolve:
• Consagrar todas as suas orações, boas obras, sacrifícios e sofrimentos a Maria, para que ela os use como melhor aprouver.• Colocar-se inteiramente sob a direção espiritual de Maria e permitir que ela disponha do devoto como desejar.• Renunciar à própria vontade para viver somente de acordo com a vontade e orientação de Maria.
Em meio a tantas ameaças à fé que Montfort via na sociedade, ele acreditava que essa consagração total e "escravidão" a Maria era a maneira mais segura e perfeita de pertencer a Cristo, evitando cair na secularização. Para ele, Maria é o caminho mais perfeito para a união com Jesus. Ele viu isso como um ato de profundo amor e confiança na Mãe de Deus.
Montfort argumenta que recorrer a Maria como advogada é uma parte essencial da verdadeira devoção, pois ela é o caminho mais seguro e fácil para os pecadores se aproximarem de Deus e obterem Suas graças.
Logo, ser escravo de Maria é só uma metáfora para dizer que o devoto confia sua vida inteiramente a Maria, para o que ela quiser. Era uma forma de pensar no século XIX, mas é bom lembrar que estamos agora no século XXI. Quase duzentos anos depois, resta perguntar se essa prática é o melhor caminho para evangelização hoje, tempo em que a liberdade é o maior valor da sociedade.
Muitos argumentam que sim, que inclusive João Paulo II divulgou a prática da consagração para ser escravos de Maria. Não é bem isso. João Paulo II consagrou o seu pontificado a Nossa Senhora, através do lema "Totus Tuus Maria", que significa "todo teu, Maria". Com este lema, o Papa expressou o seu amor e sua devoção à Virgem Maria, mas o papa nunca falou em ser escravo de Maria.
Também é falso afirmar que no "Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria", do século XIX, se menciona o uso de correntes; em nenhuma página isso está presente. Essas devoções e práticas são acréscimos posteriores de grupos que se radicalizaram a partir do Tratado de Montfort.
É bom lembrar o que diz a Escritura Sagrada: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Não faz sentido ser escravo de mais nada, pois fomos libertados por Cristo, que deu sua vida por nós na cruz. Afinal, "Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3,16).
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