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26. Como entender a negociação de Abraão com Deus a favor de Sodoma e Gomorra?

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26.03.2025 | 3 minutos de leitura
Aíla Luzia Pinheiro de Andrade
Curiosidades
26. Como entender a negociação de Abraão com Deus a favor de Sodoma e Gomorra?
O patriarca Abraão é famoso por sua fé e obediência a Deus. Em Gn 12,1-5, Deus disse a Abraão para sair da casa de seus pais, da cidade de Ur, e ir para onde Deus lhe mostraria, e ele foi. O texto de Gn 22,1-2, narra que Deus ordenou a Abraão que ele lhe sacrificasse seu filho Isaac, e Abraão se dispõe a sacrificar o filho amado. Por isso, Abraão é reconhecido pelo povo de Israel como sendo o homem da total entrega a Deus, o pai dos que têm fé, o justo obediente.
Sabendo disso, fere a sensibilidade moderna quando em Gn 18,16-33 Deus diz a Abraão que vai destruir duas cidades, Sodoma e Gomorra, apesar de Abraão insistir várias vezes para que Deus desista disto. Mesmo com toda argumentação de Abraão, cai fogo do céu sobre essas cidades. 
O texto de Gn 18,16-33 traz um procedimento que ficou conhecido como salamaleque, palavra que deriva do árabe Salam Alaikum, uma saudação tradicional que significa “a paz esteja contigo”. No Ocidente, fazer salamaleques é sinônimo de fazer rapapés, a fim de conseguir o que se deseja. O vocábulo salamaleque foi criado por causa dos comerciantes árabes que, depois da saudação aos clientes, acabavam convencendo qualquer um a comprar seus produtos. 
Abraão começa seu salamaleque com Deus, dizendo: “Se houver, porventura, cinquenta justos na cidade, destruirás ainda assim e não pouparás o lugar por amor dos cinquenta justos que nela se encontram?” (Gn 18,24). Então Deus responde que por amor aos 50 justos vai preservar a cidade, e Abraão continua, e se o Senhor encontrar 45, se encontrar 40, 30, se houver ali apenas 20? A cada “pechincha”, parece que Abraão vai conseguir que Deus não destrua as cidades. 
 “Disse ainda Abraão: Não se ire o Senhor, se lhe falo somente mais esta vez: Se, porventura, houver ali dez? Respondeu o SENHOR: Não a destruirei por amor dos dez. Tendo cessado de falar a Abraão, retirou-se o SENHOR; e Abraão voltou para o seu lugar” (Gn 18,32-33).
Na tradição judaica se diz que no mundo há que permanecer pelo menos 10 justos para que Deus não destrua o mundo. E que é papel dos justos é interceder pela salvação dos ímpios e não desejar a destruição destes. Neste contexto, Abraão negocia para tentar salvar Sodoma e Gomorra, e Deus garante que se encontrar 10 justos vai manter as cidades existindo. Mas, no episódio seguinte (Gn 19,23-29), as cidades são destruídas. Não há sequer dez justos nelas, ou seja, não há justiça alguma.
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