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25. Deus mandou mesmo fogo celestial sobre as cidades de Sodoma e Gomorra?

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19.03.2025 | 3 minutos de leitura
Aíla Luzia Pinheiro de Andrade
Curiosidades
25. Deus mandou mesmo fogo celestial sobre as cidades de Sodoma e Gomorra?
Os estudiosos da Bíblia consideram o texto de Gn 19,23-29 como uma narrativa teológica projetada para comunicar princípios morais e espirituais em vez de um registro histórico. Não devemos tomar o texto ao pé-da-letra. 
A narrativa sobre a destruição de Sodoma e Gomorra é complexa e atende a múltiplos propósitos teológicos e culturais, tendo a hospitalidade e o julgamento divino como temas centrais. O relato de Gn 19,23-29 é muito importante no contexto cultural do antigo Oriente Próximo, em relação à lei da hospitalidade. A violação desse dever pela cidade de Sodoma é retratada como uma grave transgressão moral. A narrativa enfatiza que a falha em dar hospitalidade era considerada uma violação ética séria nas sociedades antigas. 
As cidades de Sodoma e Gomorra, de Adama e Seboim (Gn 14; Dt 29,22-23), são lendárias e descritas como situadas próximo ao Mar Morto, região betuminosa e com reservas de gás natural. Elas foram palco de cataclismas, incêndio talvez, ou foram alvos de lavas de algum vulcão. 
O texto de Gn 19,23-29 tem como um dos objetivos explicar por que Sodoma e Gomorra desapareceram, e vincula o cataclisma que sofreram à recusa da prática da hospitalidade e ao julgamento divino. Essa região próxima ao Mar Morto, com suas características peculiares, intrigava o povo, que via na destruição dessas cidades uma espécie de maldição para que tivessem um fim tão terrível. 
Logo, o povo quer explicar o fenômeno e cria suas narrativas. Trata-se de um relato etiológico, ou seja, que quer explicar a origem de algo como um costume, um nome de lugar, um fenômeno geográfico etc. Isso não é incomum ainda hoje. Conta-se que um lugarejo, chamado Buraqueira, era típico por suas locas e buracos nos terrenos. Para explicar isso, o povo dizia que foi uma maldição de um padre. Não conseguindo chegar no horário da missa na capela rural por causa de uma enorme tempestade, mesmo depois de todo esforço, foi enxotado pelo povo. Cansado daquela gente, ele teria dito: “Isso aqui é o fim do mundo, uma buraqueira e buraqueira será para sempre!”. Daí, diriam alguns, vem os buracos que se encontram nas rochas, nos barrancos, nas estradas... Não sabendo dar uma explicação geológica, o povo dá uma explicação religiosa.
É o caso da bíblia. Tudo tem explicação religiosa. Para dizer como essas cidades desapareceram do mapa, deixando apenas aquele aspecto estranho, o autor sagrado cria o curioso relato de Gn 19,23-29, no qual mostra as duas cidades sendo punidas com fogo divino por não terem nele ao menos dez justos. O autor aproveita para falar de um valor importantíssimo para o judaísmo: a hospitalidade. Sodoma e Gomorra teriam cometido um crime inafiançável na cultura judaica: praticar violência contra os hóspedes. Daí a punição divina descrita no relato.

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