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28. A contagem do tempo na Bíblia e os diversos calendários

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10.04.2025 | 5 minutos de leitura
Aíla Luzia Pinheiro de Andrade
Curiosidades
28. A contagem do tempo na Bíblia e os diversos calendários
A contagem do tempo na Antiguidade nunca foi algo uniforme. Em 46 a.C., o imperador Júlio César pediu ao astrônomo Sosígenes de Alexandria para reformar o calendário. Na época, o este estava fora de sincronia com o ano solar. As pessoas observavam na natureza a mudança das estações, mas os meses e dias estavam em defasagem, ou seja, não correspondiam ao que acontecia na natureza. 
Sosígenes aconselhou o imperador a adotar um calendário solar modelado no egípcio, que tinha 365 dias. Júlio César implementou este novo calendário juliano, nome em sua homenagem, que o decretou como válido para todo o império. Esse calendário tinha 365 dias com um ano bissexto a cada 4 anos para compensar o quarto de dia extra do ano solar. 
O calendário juliano permaneceu em uso por mais de 1.500 anos até ser substituído pelo gregoriano em 1582 d.C. quando o Papa Gregório XIII introduziu um novo sistema para substituir o juliano que estava em uso desde 46 a.C (calendário gregoriano). A principal razão para essa mudança foi que o calendário juliano tinha um pequeno erro, pois presumia que o ano solar tinha exatamente 365,25 dias de duração. Na realidade, o ano solar é um pouco mais curto, com 365,2422 dias. Ao longo dos séculos, essa pequena discrepância fez com que o calendário juliano gradualmente perdesse a sincronia com os equinócios e solstícios do hemisfério norte. Em 1582, o equinócio vernal estava cerca de 10 dias antecipado ao calendário.
Esse novo sistema gregoriano alinhou o calendário muito próximo com o ano solar real, evitando a discrepância gradual que ocorreu com o juliano. O calendário gregoriano é o sistema de calendário civil usado na maioria dos países atualmente.
Mas a prática de contar os anos como “antes de Cristo” (a.C.) e “depois de Cristo” (d.C.) originou-se no século VI d.C, muito antes do calendário gregoriano (século XIII). Foi introduzida por um monge chamado Dionísio Exíguo. Dionísio se baseou nos acontecimentos bíblicos descritos nos Evangelhos de Mateus e de Lucas, o nascimento de Jesus, para definir nosso calendário a partir do evento da chegada de Jesus ao mundo. O sistema de Dionísio foi sendo amplamente adotado em toda a Europa e no mundo Ocidental, à medida que o cristianismo se espalhava.
Contudo, o ano exato do nascimento de Jesus é incerto, e estudiosos modernos estimam que provavelmente foi alguns anos antes do que consideramos ser o ano 1 d.C. No entanto, o sistema de datação a.C./d.C. se tornou parte integrante de como marcamos e referenciamos o tempo no mundo moderno.
Apesar do calendário gregoriano e do sistema de Dionísio serem o padrão internacional, outros calendários continuam em uso ainda hoje. Exemplo disso é o calendário chinês, um dos mais antigos, com suas origens remontando à dinastia Xia por volta de 2.100 a.C., que é ainda amplamente usado na China, bem como em outros lugares do Leste Asiático com significativa influência cultural chinesa, como Taiwan, Hong Kong, Cingapura e Vietnã. É o calendário oficial para feriados tradicionais nessas localidades. Nessas regiões, usa-se simultaneamente o calendário gregoriano para fins civis e comerciais.
O mesmo acontece com o calendário judaico, que remonta a milhares de anos, com suas origens rastreadas até a época do exílio babilônico no século VI a.C. O calendário judaico toma por base uma tradição que se baseou em cálculos de acordo com a linha do tempo bíblica. Conforme esses cálculos o mundo teria sido criado no que corresponde ao ano 3.761 a.C. do calendário gregoriano. Cada ano subsequente é contado a partir deste ponto de partida, o ano da suposta criação do mundo (Anno Mundi - AM), por isso, o ano de 2025 no calendário judaico é o ano 5.785.
Então, tanto para judeus como para cristãos, são acontecimentos bíblicos que determinam a forma de contar o tempo. Sem a Bíblia, o nosso calendário seria outro e a nossa forma de situar os eventos históricos também seria diferente. Isto mostra como a Bíblia define essas culturas. Não há como negar a importância da Bíblia na definição temporal e cultural, na maior parte do mundo.
A contagem do tempo nas narrativas bíblicas parece estranha, pois se baseia em eventos conhecidos da época da narrativa, como um cataclisma, a visibilidade de um astro ou a coroação de um rei famoso. Mas o padrão geral de contagem de anos é a partir de eventos e personagens importantes descritos nas tradições do povo de Israel, como uma suposta data da libertação da escravidão do Egito, da destruição do primeiro Templo etc. 
Mas a contagem a partir de eventos não é algo que acontece apenas na bíblia. O sistema popular usado na Roma antiga para contar os anos era a partir da fundação de Roma (Ab Urbe Condita), evento definido pela tradição como tendo acontecido em 753 a.C. Também era costume contar os anos a partir do reinado de certos imperadores. A contagem de anos a partir da ascensão de um governante em particular, era comum em muitas civilizações antigas, incluindo Egito, Babilônia e China.

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