282. Cicatrizes
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01.04.2024 | 3 minutos de leitura

Crônicas

“Se eu não vir os sinais dos pregos
e não puser o dedo no lugar dos pregos
e minha mão do seu lado, eu não acreditarei”
(Jo 20,25)
Feridas nos abalam. Ao longo da vida, vamos acumulando muitas feridas – físicas, psicológicas, existenciais – advindas de traumas da infância, decepções, frustrações... Essas coisas ficam remoendo em nós e vão fazendo de nós pessoas azedas, amarguradas, já que, muitas vezes, não conseguimos fazer com que essas feridas sejam cicatrizadas. Então, aos poucos, vamos perdendo o encanto com a vida e nada mais nos surpreende.
Pode ser que Tomé, discípulo de Jesus, tenha passado por algo semelhante. Possivelmente seu coração tenha ficado ferido com o que acontecera com o Mestre, a cena do calvário o abalou profundamente, pois era inconcebível que o Messias fosse assassinado na cruz. De certa forma, os discípulos construíram uma imagem do Mestre de Nazaré e os acontecimentos do Calvário jogaram tudo aquilo por terra. Possivelmente, nos primeiros dias após a Paixão, os discípulos começaram a se perguntar: “Será que Jesus os teria iludido?”.
Certamente, entre os doze havia sentimentos de frustração, de abandono, de derrota... Também conosco é assim, vamos acumulando feridas ao longo da vida e, na maioria das vezes, não deixamos que elas sejam cicatrizadas. O processo de cicatrização é algo que leva tempo; é mudança doída que exige de nós abertura e paciência.
Ao ouvir o relato de seus amigos sobre a ressurreição de Cristo, Tomé não acreditou. Seu coração estava machucado e então ele disse: “Se eu não vir os sinais dos pregos e não puser o dedo no lugar dos pregos e minha mão do seu lado, eu não acreditarei” (Jo 20,25).
Alguns dias se passaram. Tomé teve mais tempo para elaborar todos aqueles acontecimentos. Algumas feridas, só mesmo o tempo consegue curar. Eis, que de repente, o Ressuscitado se mostrou novamente entre eles e, dessa vez, Tomé também estava presente. Naquele momento, ele revisou sua vida inteira. As marcas das feridas de Cristo, tão vivas, escancaradas ali na sua frente, fizeram com que as suas feridas escondidas viessem à tona. Quase nenhuma palavra foi dita. Num primeiro momento imperou o silêncio; as cicatrizes falaram por si, as palavras se calaram.
“Meu Senhor e meu Deus!” é o brado de Tomé. Exclamação que brotou do mais íntimo do coração. Uma prece que é, ao mesmo tempo, um reconhecimento. O encontro com Cristo Ressuscitado possibilitou a cicatrização das feridas que Tomé trazia consigo, da mesma forma que Jesus nos ajuda a cicatrizar as nossas feridas também.
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