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31. O deus tentador do jovem Passos

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29.11.2021 | 2 minutos de leitura
FFirme
Casos da vida
31. O deus tentador do jovem Passos
Solange Maria do Carmo
Tânia da Silva Mayer

Passos era um jovem trabalhador, cheio de sonhos, pai de dois filhos. Com a pandemia, tornara-se motorista de aplicativo. Dia e noite, carregava gente “pra-qui-e-pra-li”. Até parece que, no seu nascimento, seus pais adivinharam a profissão do menino quando lhe deram este nome curioso: Passos Dias Aguiar. Passos, por causa do Senhor dos Passos; Dias, que era o sobrenome da mãe; e Aguiar, que era o sobrenome do pai. 
A história foi a seguinte. Até 2019, Passos ia bem na empresa onde trabalhava, mas com a crise sanitária veio a crise do desemprego. Ele aceitou pacientemente a demissão e disse: “Seja feita a vontade de Deus. Mais tem Deus pra dar que o diabo pra carregar”. Então, pegou o acerto da firma e montou uma pequena empresa de entregar marmitas. Mas era tanta gente entregando comida, que não foi possível prosperar. Passos disse à esposa: “Deus está nos provando. Vamos ficar firmes na fé”. A mulher abriu uma fabriqueta de máscaras, mas veio a chuva e o rio subiu levando tudo: tecidos, máquinas etc. Passos, muito religioso, dizia: “É tentação do diabo. Deus deixa o diabo tentar a gente para ver até onde vai a nossa fé”. 
Por sorte, eles ainda tinham um carrinho, que era o xodó de Passos. Foi então que começou a trabalhar como motorista, honrando seu nome. Estava até feliz e dizia: “Deve ser essa a vontade de Deus”. E trabalhava dia e noite para garantir o sustento da família. Assim se deu até o dia em que Passos foi assaltado e levaram seu carro. O homem adoeceu de tristeza e passou a depender do auxílio emergencial, que, além de pouco, durou pouco tempo. Ao final, cansado de tudo isso, viu sua esposa adoecer de covid-19 e falecer sem tratamento na fila do Pronto Socorro. Passos exclamou como Jó: “Deus deu; Deus tirou. Se aceitamos a felicidade das mãos de Deus, por que não aceitar a infelicidade?”. E amargou no coração uma mágoa oculta contra Deus que – no seu entender – lhe desferira tantas desgraças. Abraçou a imagem do Senhor dos Passos e, ensandecido, como se o crucifixo fosse um volante, saiu pelas ruas dirigindo seu carro imaginário. Seus dois filhos foram criados pelos avós, e Passos passou o resto de seus dias entre a loucura e uns poucos instantes de lucidez, sempre repetindo o seu mantra: “Seja feita a vontade de Deus!”.

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