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29. O deus indiferente da jovem Socorro

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15.11.2021 | 1 minutos de leitura
FFirme
Casos da vida
29. O deus indiferente da jovem Socorro

Solange Maria do Carmo



Tânia da Silva Mayer


Era abril de 2021. As folhas caíam das árvores e o céu era ainda mais azul. Apesar da beleza, tudo parecia muito sombrio  para a jovem Socorro, que é técnica em enfermagem. Ela via no hospital as ambulâncias enfileiradas esperando uma chance de atendimento para os contaminados com a Covid-19. Sempre pronta a socorrer o próximo como indica seu nome, Socorro ficava com o coração sangrando ao ver tanta gente morrendo sem que os profissionais de saúde pudessem fazer algo para evitar.
Cansada de ver tanta dor, a jovem começou a se revoltar. Já fazia tempo que ela não ia à igreja, pois estava brigada com Deus. Na adolescência, perdera a vó que a criara e, então, ficara sozinha no mundo sendo criada por sua madrinha. Socorro, que não pôde socorrer sua avó, decidira cuidar dos sofredores: foi trabalhar na área da saúde no Pronto Socorro de um grande hospital.
Se tem uma coisa que a irrita é alguém dizer que Deus está sempre conosco. Socorro não duvida da existência de Deus, mas entende-o como um ser superior, que está feliz lá no céu brincando com os anjos, sem se importar com a dor do mundo, afinal – na hora de sua maior dor – enfrentou tudo sozinha. Nessa pandemia, suas suspeitas se confirmaram. Se Deus estivesse mesmo junto de nós, certamente daria jeito de diminuir a dor do mundo. E se está presente e não faz nada, então é indiferente e sem nenhuma empatia com os sofredores. Logo, não merece ser chamado de Deus.
Assim seguiram-se dias de muita peleja, numa rotina exaustiva no hospital, até que Socorro conheceu D. Fortaleza, uma senhora simpática que acompanhava o filho com necessidades especiais em tratamento no hospital onde ela trabalhava. Dia e noite a velha senhora estava lá cuidando de seu menino. Não saía de seu lado para nada. Dormia mal recostada sobre uma cadeira, comia aquela comida sem gosto do hospital e mantinha uma força extraordinária consolando seu filho quando ele se afligia.
Os médicos recomendaram que a pobre senhora fosse para casa, pois ela não podia fazer nada pelo menino. Ele estava sendo bem tratado no hospital e eles dariam notícias do seu quadro médico. Mas nada fez a mãe arredar-se da cabeceira do filho, sempre solícita lhe fazendo um carinho e falando baixinho palavras de consolo ao seu ouvido. Interpelada por Socorro para saber por que ela não ia descansar um pouco, a velha senhora respondeu: “Minha filha, mãe é como Deus: nunca descansa. Nunca abandona um filho. Ainda que ele não possa resolver nossos problemas, está sempre solidário nos fortalecendo. Ainda que não nos cure, está sempre solidário na nossa dor. Eu não posso curar meu filho, mas posso sofrer com ele até o fim; posso lhe oferecer meu amor mesmo que ele não possa reconhecê-lo. Assim é Deus; seu amor nos acompanha ainda que a gente não o reconheça”. Socorro ficou impactada com o que ela disse e, pela primeira vez, começou a repensar sua imagem de Deus.

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