10. Com raiva de Deus


Antônio é um senhor de 52 anos, casado e tem quatro filhos. O caçula está com 15 anos. A família vive em total harmonia. Antônio tem um bom emprego. Os filhos estudam em excelentes escolas. A esposa é muito dedicada. É a vida que todo mundo deseja. Antônio e sua família são católicos, muito católicos. Eles agradecem a Deus, todo dia, pela vida tranquila que estão levando. Para eles, Deus está derramando bênçãos sobre toda a família, porque são pessoas boas e de fé.
Mas um dia, o filho caçula adoeceu. Uns sintomas esquisitos. O pai pensou: não deve ser nada. Coisa de adolescente, mudança de idade. De qualquer forma, levaram o garoto ao médico.
O médico examinou e ficou pensativo. Pediu muitos exames. O médico estava sério. Antônio ficou preocupado e rezou com muita fé. Pedia a Deus que não fosse nada grave.
Quinze dias depois, Antônio saiu do consultório médico em prantos e com um papel na mão em que se lia o terrível diagnóstico: câncer no sangue, ou seja, leucemia. Era muito mais grave do que se pensava. E naquele tempo, pior do que hoje, a medicina ainda não tinha muito o que fazer em casos de leucemia.
O pai se desesperou. Como podia um adolescente com 15 anos ter uma doença tão séria? Como Deus podia permitir isso? Logo ele, um garoto tão bom! Logo com uma família tão unida e tão fiel a Deus?
Os primeiros passos foram dados imediatamente: a família passou a rezar ainda mais e pedir a oração dos amigos. E começaram o tratamento, o que a medicina tinha a oferecer naquele tempo. E fizeram promessas, novenas, romarias a santuários onde se davam bênçãos especiais, participaram de missas de cura, fizeram de tudo.
Mas o garoto só piorava. Os tratamentos não estavam surtindo efeito. A família tomou então uma decisão drástica: vendeu tudo o que possuía, fez campanha entre amigos, ajuntou um bom dinheiro e foi para o exterior, acreditando que em outro país houvesse tratamento mais eficaz. O médico já havia prevenido que era um tipo de câncer muito difícil de combater. A medicina não dava muitas esperanças. E quando médico fala assim é porque não tem jeito mesmo. Mesmo assim, seu Antônio viajou com o filho doente para os Estados Unidos.
Quando voltaram, o garoto estava pior ainda. E a família já sem dinheiro. Antônio se desesperou. Não aceitava a morte do filho. Brigou com Deus. Sabendo de sua crise de fé, membros de outra Igreja foram procurá-lo e prometeram a cura, caso ele mudasse de religião. Disseram que Deus não estava ouvindo suas preces porque ele tinha imagens de santo em casa. Ele quebrou todas as imagens, contra a vontade da esposa, e mudou de religião.
Na nova religião, gastou ainda mais, rezou ainda mais. E o filho continuava cada vez pior. Antônio mudou várias vezes de religião. Frequentou de tudo. Ele achava que o problema estava na religião ou em sua fé.
Passados alguns meses, o filho morreu. A doença venceu e a morte chegou mais cedo para aquele garoto. Os amigos visitaram, acompanharam, choraram juntos. Mas nada consolava aquele pai.
Desgostoso da vida, hoje Antônio é um homem sem fé. Ele diz que não adianta crer, pois na hora em que a gente mais precisa Deus vira as costas. Até hoje ele não aceitou a morte de seu filho mais jovem. E vive revoltado com a vida.
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