20. Decorar não é tudo

03.05.2014 | 2 minutos de leitura

Para Meditar

Solange Maria do Carmo

Padre Geraldo Orione de
Assis Silva

Rafael é um garoto de boa memória. Sabe tudo de cor. Sua mãe se orgulha do filho inteligente que tem.

Decorou a capital de todos os países. Sabe até a capital do Timor Leste e da Indonésia. Na escola, costuma tirar a nota máxima em quase todas as matérias.

Na catequese, sempre se destacou. Sabia tudo de cor. Decorou os dez mandamentos da lei de Deus, os cinco mandamentos da Igreja, os sete sacramentos, os sete pecados capitais, as doze obras de misericórdia e muitas outras informações que podiam ser guardadas em sua memória de computador turbinado.

Sabe rezar de cor o credo grande e o pequeno, o ato de contrição antigo e os novos, que são muitos. Já leu quase toda a Bíblia, inclusive o livro do Apocalipse, que poucos leram.

Mas agora Rafael está ficando adolescente. Não quer mais saber de religião. Não vai mais à missa. Há muito tempo que não comunga nem se confessa. Lembra-se de tudo que aprendeu na catequese, mas não liga para o que aprendeu. Lembra-se de cor de cada oração, mas não se lembra mais de rezar antes de dormir. Tornou-se um garoto orgulhoso e cheio de si. Acha que tendo boa memória não precisa mais cultivar sua fé.

Anda por aí, fazendo coisas extravagantes e dando trabalho à sua mãe.

A mãe – coitada! – não entende muito bem o que está acontecendo com o seu filho adolescente. E lhe diz: “Mas, meu filho, o que é que está acontecendo? Você, um garoto tão inteligente, que sabe tantas coisas, que conhece a doutrina da Igreja e os ensinamentos de Deus... por que você não está mais praticando tudo o que você aprendeu?”.

Foi quando uma vizinha bondosa, vendo a angústia da mãe, lhe disse:

“A resposta é simples. Rafael guardou tudo de cor, em sua mente prodigiosa. Mas não guardou as coisas de Deus no seu coração. No fundo, ele não aprendeu a amar a Jesus. E, como decorar não é tudo, ele praticamente perdeu a sua fé. Sua memória está cheia de coisas, mas seu coração está vazio”.