44. Jupira e seu coração maternal


Padre Geraldo Orione de Assis Silva
Nos pastos de capim gordura de seu Ronaldo, algumas poucas vacas nada leiteiras eram a alegria do velho sitiante. Entre elas, Jupira era a mais especial. Era uma vaquinha dócil, diferente das demais. Nunca ultrapassava os limites impostos, não furava a cerca, não dava coices nem se irritava na hora de ser apartada dos bezerros.
Toda manhã, seu Ronaldo gritava cá de sua casinha chamando seu gado para a ordenha e primeira refeição no cocho. Os bezerros e o touro ignoravam o chamado. As outras vacas também. Mas não Jupira, que, ao ouvir a voz de seu senhor, descia correndo os campos para ser ordenhada. Na disparada de Jupira rumo ao curral, o resto do gado ficava alvoroçado e descia atrás de vaca. Isso evitava muito trabalho ao velho leiteiro, que não precisava subir o pasto molhado de orvalho nas manhãs frias de inverno em busca de seu gado.
Como se não bastasse tudo isso, para fazer de Jupira sua vaquinha preferida, seu Ronaldo se encantava com a bondade de sua vaca. Sua docilidade foi provada, quando, numa noite de chuva torrencial, outra vaca do redil de seu Ronaldo deu à luz um belo bezerrinho e, num descuido, a pobre mãe recém-parida caiu no precipício e veio a morrer. No dia seguinte, passada a tempestade, seu Ronaldo descobriu o acontecido. O bezerro vivia, apesar de amuado sem sua mãezinha, sem poder mamar e se fartar de colostro, que fortalece os bezerros e lhes dá força para crescer.
Coincidência ou não, Jupira havia parido há dias atrás e seu bezerro não tinha vingado. Seu Ronaldo tinha agora uma vaca-mãe sem bezerro e um bezerro sem vaca-mãe para amamentá-lo. Foi aí que, confiante na bondade e docilidade de sua Jupira, seu Ronaldo se arriscou a uma grande aventura. Mesmo sabendo que cada vaca só amamenta sua cria, seu Ronaldo tomou o couro do bezerro que havia morrido e revestiu o bezerrinho recém-nascido com ele. Não custava tentar, afinal Jupira era tão dócil, tão boa!
Seu Ronaldo apartou Jupira e introduziu o bezerro no curral. Pra sua surpresa, a vaca cheirou o bezerro meio desconfiada, ainda meio confusa com a mistura de odores... Não demorou muito elá estava o filhote mamando na Jupira, que o lambia como se fosse sua cria.Desde então, Jupira e Tempestade (assim ele foi batizado), viveram uma relação filial curiosa. Qualquer um podia apostar que Tempestade era mesmo seu filhote.
Nesse dia, seu Ronaldo entendeu o que o padre vivia dizendo nos encontros da Igreja que “somos filhos, no Filho”. Ele entendeu que somos filhos adotivos de Deus, por meio de Cristo. No cheiro de Cristo, Deus nos reconhece como seus filhos e nos acolhe no seu seio. E nada mais pode nos separar dele.
Por isso, fique firme nessa relação filial: Deus já te adotou em Cristo!
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