47. Os dois irmãos


Padre Geraldo Orione de Assis Silva
Num lugar distante daqui, viviam dois irmãos que se queriam muito bem. Seus pais já haviam morrido e um aprendera a cuidar do outro como convém.
O irmão mais velho arranjou uma boa esposa e teve quatro filhos. Vivia feliz com sua família, mas sempre preocupado com o irmão mais novo que ainda estava solteiro, sozinho, sem filhos.
Os dois irmãos trabalhavam juntos na roça e dividiam as colheitas: era 50% para cada um, pois ambos investiam energias e recursos iguais na produção dos grãos. Eles aravam a terra, preparavam-na para a semeadura, semeavam, capinavam, colhiam, preparavam os grãos para a venda, ensacavam e, depois, armazenavam tudo no paiol. O paiol era dividido em duas partes; uma parte era a produção do irmão mais velho, a outra do irmão mais novo. Tendo dividido tudo “irmãmente”, cada qual comercializava sua parte e administrava sua vida e seu dinheiro como bem entendia.
Apesar do acordo entre eles, 50% para cada um, depois da divisão da colheita, o irmão mais novo, preocupado com seu irmão mais velho, se punha a pensar: “Não é justo que eu fique com a metade da produção. Eu sou solteiro, tenho menos despesas, não tenho filhos e nem esposa para alimentar. Vou doar umas sacas da minha colheita para meu irmão mais velho”. Sorrateiramente, o caçula, chegada a noitinha, pegava algumas sacas de sua colheita e colocava no paiol de seu irmão. Assim ele fazia toda noite.
Coisa curiosa, porém, acontecia e o deixava intrigado. As sacas de sua colheita não diminuíam. Todos os dias conferia seu armazém e parecia que tudo continuava como antes. Mas o caçula não desistia. Insistia em transportar sobre as costas umas sacas de milho ou de café ou de feijão para o paiol do seu irmão.
O irmão mais velho era também homem muito bondoso e preocupava-se com o irmão mais novo. Pensava: “Não é justo que eu fique com a metade da colheita. Eu sou casado, tenho mulher e filhos que podem me amparar na velhice. Meu irmão não tem ninguém por ele e seu futuro é incerto. Vou doar umas sacas de minha parte para ele”. E, pé ante pé, toda noite o irmão mais velho retirava de sua parte algumas sacas de grãos e levava para o paiol do caçula.
O irmão mais velho vivia intrigado também, pois, por mais que ele carregasse algumas sacas de grãos de seu paiol, parecia que tudo continuava lá do mesmo jeito de antes.
E assim se deu: um irmão transportava sacas de sua colheita para a área do paiol do outro sem nada lhe dizer. Até o dia em que, na calada e na escuridão da noite, os dois se esbarraram com as sacas nas costas. E qual não foi a surpresa de ambos ao ver que um se preocupava com o outro, doando parte de seus bens ao irmão. E se abraçaram emocionados, com a fraternidade demonstrada.
Por isso, fique firme no amor e na partilha, pois não há nada mais precioso na vida que a comunhão e fraternidade.
-
56. Novas configurações dos sujeitos urbanos12.08.2024 | 10 minutos de leitura
-
55. Silêncio e anonimato feminino, uma palavra sobre a importância da hermenêutica bíblica feminista14.05.2024 | 33 minutos de leitura
-
53. Deus Espírito, como delicadeza e leveza11.09.2023 | 28 minutos de leitura
-
52. O confronto entre Amós e Amasias03.07.2023 | 17 minutos de leitura
-
49. Evangelização e cibercultura: Desafios, limites e possibilidades17.04.2023 | 18 minutos de leitura
-
361. Esperança17.02.2023 | 1 minutos de leitura
-
69. Adoção e Casais HomoafetivosNesse episódio versamos sobre a adoção de crianças por casais homoafetivos. Vale a pena conferir esse bate-papo.08.12.2022 | 1 minutos de leitura
-
351. Tua luz04.11.2022 | 1 minutos de leitura
-
350. Um novo dia28.10.2022 | 1 minutos de leitura
-
337. Colo de pai01.07.2022 | 1 minutos de leitura
- 49. Olhando pra cima e pra baixoMarcela tinha seis anos e não morava longe dos avós maternos. A casa deles era o paraíso terrestre e estava apenas a cinco quadras de onde a menina...25.09.2015 | 2 minutos de leitura
- 48. Falando feito maritacaCerto dia, uma distinta senhora, muito falante, viajava para o exterior. Não era uma viagem para o outro lado do mundo, mas eram horas dentro de um a...18.09.2015 | 2 minutos de leitura
- 46. O pescador e seu riachoNuma cidade bem distante daqui, vivia um homem cuja atividade preferida era pescar. Sua fama como pescador era conhecida na região e causava inveja e...06.08.2015 | 3 minutos de leitura
- 45. As aparências enganamHavia um famoso conferencista, que corria mundo a fazer palestras e a dar cursos por todo canto. Já estava acostumado ao público e sabia como lidar ...29.07.2015 | 3 minutos de leitura
- 44. Jupira e seu coração maternalNos pastos de capim gordura de seu Ronaldo, algumas poucas vacas nada leiteiras eram a alegria do velho sitiante. Entre elas, Jupira era a mais especi...23.07.2015 | 3 minutos de leitura
- 43. O Bem-te-vi e a SabiáO Bem-ti-vi e a Sabiá, desde pequeninos, foram criados por zelosas mamães-aves, mas em bosques diferentes. Ambos aprenderam a voar cedo e procurar a...10.07.2015 | 10 minutos de leitura
- 42. O Poeta e o OleiroHá muitos e muitos anos atrás, um oleiro decorava e pintava um lindo vaso, quando uma pedra, vinda da direção da rua, acertou em cheio um dos vaso...24.06.2015 | 3 minutos de leitura
- 41. Onde está Deus?Dona Josefa fora catequista a vida toda. Desde adolescente dedicara-se à difícil tarefa de ensinar o catecismo, preparando as crianças para a prime...14.03.2015 | 5 minutos de leitura
- 40. Galinhas gordasNum sítio muito longe daqui, lá pras bandas de onde nasci, havia um velho homem que criava galinhas. Nesse sítio, as galinhas se orgulhavam de ter ...06.03.2015 | 4 minutos de leitura
- 39. Um caso entre tantos outrosUma jovem que havia se revoltado contra sua família entrou em crise e decidiu escrever a seguinte carta: “Imagino a raiva que vocês têm de mim. ...27.02.2015 | 2 minutos de leitura