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18. A catequese dos bichos

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05.04.2014 | 6 minutos de leitura
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18. A catequese dos bichos

Solange Maria do Carmo



Padre Geraldo Orione de
Assis Silva


A vida na floresta não estava fácil. E a situação piorava a cada dia. Os bichos estavam mais violentos que nunca e não paravam de brigar. O papagaio, muito prosa, vivia insultando o gavião. A onça pintada não parava de provocar o coelho.  O macaco não dava sossego a mais ninguém. Por causa de tudo aquilo, só se viam brigas na floresta e não havia mais tranquilidade. Muitos bichos até já estavam de malas prontas para se mudarem, se a situação não melhorasse.


 O leão, rei da floresta, percebendo que a crise era grave, convocou uma reunião. No final, depois de muita conversa, os bichos perceberam que eles estavam se afastando das coisas boas que tinham aprendido desde pequeninos e que era preciso mais esforço de cada um para melhorar o convívio na floresta.  Dona Elefanta, cordial e piedosa, sugeriu que um pouco mais de fé poderia ajudar todos a se tornarem melhores. Pareceu uma boa ideia, afinal eles eram bichos de fé, mas andavam mesmo meio afastados das coisas de Deus. Cumpriam apenas o ritual que era obrigação. Ficou, então, decidido que o que os bichos precisavam aprofundar a fé em Deus. Combinaram reunir-se uma vez na semana, para aprender as coisas de Deus. O coelho, muito serelepe, ofereceu-se para conseguir uma Bíblia com a vizinhança e,no dia seguinte, ia começar a catequese na floresta. Todos aprovaram a ideia. Menos o macaco. Ele detestou a ideia e fez cara feia, pensando: “O que eu sei é fazer macaquice. Imaginem só macaco rezando. Nunca!” E se afastou chateado.


Sabendo da reação de seu filho, a macaca mãe ficou muito brava. Encostou o macaco numa árvore e leu para ele um bom sermão: “Onde já se viu você não gostar de rezar? Você devia ter vergonha de dizer isso. Eu não criei você só para fazer macaquices”. O macaco tentou argumentar, mas sua mãe nem quis ouvir e foi logo dizendo: “Não quero discussão. Você vai a essa catequese nem que seja à força. E quero você rezando direitinho, junto dos outros bichos. E qualquer coisa, eu te ponho de castigo”.


Então, não havia jeito. E o macaco, com muita má vontade, foi para o encontro. Os bichos se reuniram. Todo mundo animado, a maritaca de Bíblia na mão e os outros bichos dispostos a aprofundar um pouco nas coisas de Deus. No começo, correu tudo bem e a bicharada se entusiasmou. Mas, não demorou muito, o macaco começou com as suas macaquices. Pensava: “Não queria mesmo estar aqui. Só vim porque é minha obrigação!” E fazia caretas, pulava, saltava, gritava. Não ficou quieto nem um minuto. E não era só porque ele era macaco e macaco faz mesmo macaquices. Não! Era mesmo para avacalhar. Os outros bichos começaram a ficar incomodados. O macaco estava incomodando e atrapalhando o encontro.


Depois de alguns encontros, certo dia, o leão, rei da floresta, com muito jeito, pediu ao macaco que esperasse um pouco, pois queria conversar com ele. O macaco estremeceu, imaginando coisas. O leão foi bondoso, mas muito sincero: “Vamos conversar francamente” – disse ao macaco – “os outros bichos andam reclamando. Você está avacalhando os encontros. Desse jeito, não dá. Você precisa entender a importância desses nossos encontros. Parece que você está vindo aqui só por obrigação”. O macaco também foi muito sincero: “E não é assim? Não ficou decidido que todos os bichos deveriam participar desses encontros? Eu bem que não queria vir, mas minha mãe não me deu opção”. O leão pensou e disse: “Você ainda não está pronto para a catequese. Não entendeu que isso aqui não é obrigação. É algo muito importante para todos nós, para toda a floresta... Acho bom você pensar melhor durante essa semana. Se o que você quer é só fazer macaquices, parece que você está perdendo tempo aqui. Este não é o seu lugar. Ajunte suas trouxas e vá pular de galho em galho pela floresta. Não perca seu tempo aqui. Vai ser melhor pra você!”


O macaco não pensou duas vezes. Sentiu um alívio. Fez uma careta para a bicharada e foi-se embora saltitando pela floresta. Sua mãe, ao saber do acontecido, explodiu de raiva e quase adoeceu. O leão a procurou e explicou que não fazia sentido obrigar o macaco a rezar. Que ele precisava descobrir o valor daqueles encontros. Ou, então, era melhor nem comparecer. O macaco foi se esconder na floresta, com medo do castigo da mãe, e se pôs a pensar na vida. Na semana seguinte, todos os bichos se reuniram para o encontro. Só o macaco não compareceu. Os bichos disseram: “Graças a Deus que o macaco não veio! Hoje, vamos poder rezar melhor, sem as suas macaquices”. E o encontro foi mesmo ótimo. Mas, num canto da floresta, sozinho, o macaco pensava na vida: “Coitado de mim. Estou só e abandonado, enquanto os outros bichos estão felizes lá no encontro”. E, pensando, o macaco sentiu que precisava melhorar. Ele era tão engraçado e divertido. Toda a bicharada gostava dele. Mas parece que, desta vez, ele tinha exagerado nas macaquices. Onde ele chegava, atrapalhava tudo. Só fazia confusão. Chegava até a incomodar. E, por isso, corria o risco de não ser mais querido naquela floresta. Desse jeito, ia perder a simpatia e a amizade dos companheiros. Então, o macaco tomou uma decisão: “Vou me esforçar. Eu não sou pior que os outros. Se eles conseguem aprender as coisas de Deus, eu também posso conseguir. Se todos eles podem ser melhores, eu também posso ser”.


Na semana seguinte, os bichos se reuniram. Todos estavam satisfeitos com os resultados. O encontro já havia começado, quando o macaco chegou. Todo mundo disse: “Ih! Já vem o macaco! Com certeza, vai atrapalhar nosso encontro”. Mas o macaco chegou, sentou-se e ficou quieto. Participou de tudo sem criar problemas, muito atento e prestativo. Todos ficaram felizes com a nova decisão do macaco. Era bom para todos saber que o macaco, tão alegre, estava de novo com eles. E assim ficou combinado: Na hora do encontro o macaco ficaria atento e prestaria atenção. Depois, poderia alegrar a floresta com suas macaquices, desde que não prejudicasse a ninguém.


Com isso, toda a floresta ficou mais feliz e os bichos mais unidos. Naqueles encontros, eles aprenderam muitas coisas boas que, guardadas no coração, ajudaram todos a viver melhor. E a vida na floresta melhorou.





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