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6. Quanto mal no mundo

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12.04.2014 | 5 minutos de leitura
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6. Quanto mal no mundo

Ao falar da alegria do evangelho e da felicidade como projeto de Deus para nós, certamente muitos ficarão intrigados e se perguntarão: “Então, por que existe o mal? Por que existe o sofrimento?”. Bom, o problema do mal e do sofrimento é antigo e a tentativa de explica-lo também. Os antigos filósofos já se preocupavam com esse tema. Santo Agostinho gastou fosfato no esforço de compreendê-lo, sem grandes sucessos. O problema é que o mal existe e não há explicação plausível para ele. Ele simplesmente está aí e somos obrigados a conviver com ele e sofrer suas penas, o sofrimento e a dor.


A primeira coisa importante quando falamos do mal é saber que há vários tipos de males. Há males que são consequência do pecado, do afastamento da gente de Deus e da pouca importância que damos aos seus ensinamentos. Há muitos males que poderíamos evitar: o mal da fome, da miséria, do abandono... Estes males são fruto do nosso egoísmo, da nossa indiferença. São resultado do estilo de sociedade injusta que nós e nossos antepassados construímos. Mas nem todo mal vem das besteiras que o ser humano faz. Há males que estão na vida, são parte dela e pronto. É só pensar um pouco e veremos que extirpar o mal, a dor e o sofrimento não depende só de nossa opção pelo evangelho. Ainda que todo mundo se convertesse, que todos se tornassem santos e só fizessem o bem, mesmo assim o mal existiria. Nós não deixaríamos de adoecer, nem de sofrer acidentes, nem de nos preocupar e angustiar por causa daqueles que amamos. Um terremoto, por exemplo, não depende de nós. Não fizemos nada para causá-lo; ele é parte da vida. São as placas tectônicas debaixo da terra se ajeitando e achando seu lugar. E as doenças? Será que, se todo mundo se convertesse, as doenças acabariam? Claro que não. A doença não é consequência do pecado; é parte da vida. Se fôssemos de ferro, enferrujaríamos. Se fôssemos de papel, traça nos roeria. Como somos de carne e osso, adoecemos. Simples assim. Faz parte da nossa natureza – a humanidade – adoecer e morrer. A morte não é castigo porque pecamos; é apenas uma etapa da vida. Logo, o mal e o sofrimento não vêm só do pecado. O mal é próprio da vida, assim como o sofrimento, mesmo sendo a vida bela e prazerosa como já falamos antes.


Outra coisa importante é parar de culpabilizar o diabo por nossos infortúnios, como se tudo fosse culpa da serpente do Gênesis, dos espíritos impuros, do grande chefe do mal, satanás. Culpar o demônio também não resolve. É até compreensível que achemos um bode expiatório para nossas agruras, afinal é mesmo difícil lidar com este drama. O povo da Bíblia, por exemplo, não sabendo explicar o mal, criou a imagem do diabo, uma figura de linguagem para dizer que o mal nos transcende, não depende só de nossa liberdade. Eles foram buscar recursos para elaboração deste personagem lá na cultura persa, povoada de anjos e demônios. É por isso que nas Escrituras aparece muitas vezes a figura do diabo ou satanás. Se alguém estava com febre ou manifestando crises epiléticas ou com sintomas de esquizofrenia, estava com demônios ou espíritos maus. Qualquer coisa que atrapalhasse o projeto do Reino de Deus, ou seja, que não deixasse acontecer a vida plena era atribuída a satanás. Era um modo de dizer que há muitas forças contrárias à vida e que, para a vida plena acontecer, há de ter muito esforço de todos nós. Mas verdade seja dita: o diabo também não é o culpado por todo mal. Se há uma força do mal, nós cristãos não entendemos que esta força seja um ser equiparado a Deus. Essa crença num diabo personificado, capaz de fazer horrores e em luta contínua contra Deus, não faz parte da genuína fé cristã; vem do maniqueísmo que divide o mundo em dois grupos: o do bem – governado por Deus – e o do mal – governado pelo diabo. Nós cristãos afirmamos que há um só Deus e não dois deuses em guerra.


A terceira coisa importante quando falamos do mal e do sofrimento é a gente saber que explicações intelectuais acerca deste tema não são suficientes para nos fazer enfrentá-lo. Nossa pergunta diante do mal e da dor não deveria ser “Por que existe o mal?”, mas “como enfrentá-lo?”. O mal não tem explicação; ele é simplesmente um mistério do qual fazemos parte. Mistério não no sentido de incógnita que precisa ser descoberta, fruto da ignorância dos seres humanos. Não! Mistério no sentido de algo que nos ultrapassa; algo que é maior que nós e com o qual devemos viver. Por isso, o mais importante não é entender o mal, nem a morte, nem o sofrimento. É saber lidar com tudo isto. Neste caso, a fé cristã tem algo a oferecer, pois o evangelho é força para viver.


Desejamos que a catequese ajude as crianças, jovens e adultos a enfrentar, com paz de espírito e muita sobriedade, toda situação difícil. É tarefa da catequese desmitificar a figura do demônio e ajudar cada um a se responsabilizar pela própria vida. E, diante do sofrimento que a vida oferece, saber conviver com a dor, sem perder a alegria e a esperança.







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