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7. O livro de Oséias: Nunca vimos amor igual!

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10.11.2013 | 4 minutos de leitura
Solange Maria do Carmo
Livros Bíblicos
7. O livro de Oséias: Nunca vimos amor igual!

Há um conjunto de escritos na bíblia, intitulado “Profetas Menores”, composto por doze livros. São pequenos textos, fáceis de ler e cada um com teologia própria. O Livro de Oséias abre essa coleção e, por sua beleza e densidade, inaugura com maestria o espaço destes livros sagrados no conjunto das Escrituras.


O profeta de nome Oseías teria vivido no tempo do rei Jeroboão II, último rei antes de a Assíria dominar o Reino do Norte (722 aC), cuja capital foi Samaria e que teve seu início por volta do ano 930 quando Salomão morreu e subiu ao trono seu filho Roboão. Era tempo de relativa paz política, mas de grave decadência religiosa. Oséias se aventura a chamar o povo à fidelidade a Deus, em tempos em que a idolatria (considerada como prostituição) se alastrava, e Israel se afastava cada vez mais da fidelidade ao seu Senhor. Constituído apenas de 14 pequenos capítulos, o Livro de Oséias, denso de beleza e poesia, usa e abusa da imagem da prostituição. O próprio profeta, como sinal profético do amor de Deus por seu povo infiel, desposa uma prostituta, de modo que, ao olhar para Oséias de braço dado com aquela que não merecia seu amor, o povo de Israel é chamado a se lembrar do amor incondicional de Deus que o desposou, apesar de suas infidelidades constantes.


Talvez o leitor encontre alguma dificuldade em algumas passagens do livro, pois há textos de difícil interpretação, especialmente trechos que são acréscimos posteriores e parecem quebrar a inteireza do livro. Mas nada disso atrapalha a compreensão geral da mensagem do amor incondicional de Deus por sua gente, nem tira o vigor das palavras do profeta, que ainda ecoam em nossos ouvidos atentos.


Tudo começa com o simbolismo do casamento. Oséias deve casar-se com uma prostituta e gerar filhos com ela. Este gesto profético lembrará ao povo israelita sua constante infidelidade ao Senhor, pois se afastara do Deus libertador que o conduzira do Egito à Terra Prometida e fora atrás de Baal[1], na esperança de receber seu socorro.Oséias faz o que manda o Senhor e desposa Gomer, tendo com ela dois filhos Jezrael, que quer dizer Deus semeia, e Não-meu-povo, e também uma filha, que recebeu o nome de Não-compadecida. Pelos nomes dos filhos, entendemos logo a teologia de Oséias: Deus desposou seu povo, mesmo sabendo de seus limites para manter a aliança. Dessa união surgiu primeiramente “Deus semeia”, pois o Senhor sempre semeou coisa boa naquela que ele ama. Mas, em seguida, a esposa-prostituta lhe deu “Não-compadecida” e “Não-meu-povo”, pois tal foi a infidelidade da esposa que gerou filhos que não mostram quem é seu pai. Mas apesar da promessa de castigo contida nos nomes dados aos filhos, representando os dois reinos, Israel e Judá, o Senhor nunca se esqueceu de sua gente. A “Não compadecida” será lembrada e o “Não-meu-povo” será filho do Deus vivo.


Depois deste relato sobre a vida do profeta, seguem-se diversos oráculos denunciando a degradação religiosa e política de Israel, ora dita a Samaria, ora a Efraim; ora dirigida aos líderes religiosas, ora aos líderes políticos ou ao povo em geral. Perpassam todo o livro constantes advertências visando o retorno à fidelidade.


Admirável expressão de Oséias se encontra no final do livro que garante que o Senhor é Deus e não homem (cf. Os 11,9). E é como tal que ele trata seu povo: Deus ama incondicionalmente, sem possibilidade de voltar atrás sua palavra. O livro termina com um apelo à conversão: se Israel se voltar para o Senhor, o amor de Deus o curará. Vida nova é prometida à Israel infiel: será de novo a esposa querida de seu Deus, que a aceita de volta sem condená-la por suas traições. Nunca vimos amor igual!











[1] Baal quer dizer marido. O culto a Baal era caro aos cananeus que habitavam a Terra Prometida antes de o povo hebreu tomar posse do território. Durante toda a vida de Israel, o culto a Baal foi uma tentação muito forte. Baal era tido como o deus da fertilidade, aquele que fazia a terra, o gado e as plantas se tornarem fecundas. Fazia parte do culto a Baal a chamada prostituição sagrada, para representar a sua fertilidade.



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