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6. Deus não prova ninguém, nem permite a tentação

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13.12.2021 | 8 minutos de leitura
FFirme
Novena de Natal
6. Deus não prova ninguém, nem permite a tentação
Solange Maria do Carmo
Tânia da Silva Mayer

Ambientação: Em local apropriado para a oração, disponha uma toalha bonita, alguns elementos do presépio, a bíblia, a coroa do advento ou uma vela, algumas ramagens ou flores, as fotos de sua família...

Abertura
Dirigente: Irmãos e irmãs, estamos vivendo a Novena de Natal 2021. Sabemos das muitas dificuldades que a humanidade tem enfrentado. Com o coração fortalecido pela fé, iniciemos mais um encontro.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Que saibamos reconhecer, mesmo em meio às dificuldades, a misericórdia de Deus.
Grupo: Jesus Cristo nos reúne por seu Espírito!
Cantar bem animado a música n. 1, Mais uma vez, ou outra do agrado do grupo.

Oração Inicial
Dirigente: Ó Deus, fonte de eterna generosidade, tu vens ficar conosco como um amigo nas horas mais difíceis. Pedimos-te, por teu Espírito, que o advento do teu Filho Jesus renove em nós a fortaleza da fé que nos ajuda a compreender todos os acontecimentos do cotidiano sem perder a paz e a esperança.
Grupo: Maranata. Vem Senhor, renovando nossa fé e nosso amor. Amém.

Leitura da bíblia
Para preparar os corações para a escuta da Palavra de Deus, cantar a música Vamos receber a Palavra de Deus, n. 2, ou um refrão conhecido pelo grupo.
Na bíblia, uma pessoa faz a leitura do texto: Tg 1,12-18 
Conversa e Partilha da Palavra
O que o texto diz? Qual mensagem consideramos mais relevante? O que você entendeu? Vamos conversar.

Aprofundamento
O escritor da carta que lemos começa seu texto com uma bem-aventurança: “Feliz aquele que suporta a provação porque receberá a coroa da vida”. Todo mundo sabe o que é uma provação. Todo mundo já viveu momentos difíceis e se sentiu provado e em apuros. Não é fácil suportar esses momentos de dores e angústias em que o céu parece ficar escuro e Deus parece permanecer calado e distante.
Muitas vezes, quando nos sentimos assim, achamos que é Deus quem está nos provando e testando nossa fé. No entanto, o autor da carta nos alerta: Ninguém diga que está sendo tentado ou provado por Deus, pois Deus não tenta nem prova ninguém.
Se Deus não prova nem tenta, de onde vem a provação?, nós nos perguntamos. Uns dizem que vem do diabo, o temido satanás, ou dos demônios e seus anjos maus. Mas Tiago não pensa assim. Ele responde: “cada qual é tentado por sua própria concupiscência, que o arrasta e seduz”. Ou melhor, cada um é tentado e provado por seus próprios demônios interiores, suas fraquezas, vícios e fragilidades.
Outros dizem: “Deus não tenta, mas deixa o demônio nos provar”. Que Deus é esse que permite o mal? Será o Deus de Jesus Cristo, aquele que rezamos no pai Nosso “livrai- nos do mal?”. Claro que Deus não permite o mal ou seria mau também. Esses momentos difíceis fazem parte da vida, nem sempre boa, nem sempre fácil, nem sempre iluminada e bela.
A provação vem das fraquezas humanas, das dificuldades de convivência, de nossa natureza de criatura. Dessas fraquezas, vem o pecado que gera morte, não a morte física, mas a morte da vida de Deus que habita em nós. Essa morte se espalha pela família, pela sociedade, pelo mundo... E cresce e domina e estraga tudo.
Tiago torna a nos advertir, pois não quer que a gente se engane quanto ao conhecimento de Deus. De Deus só pode vir coisa boa. Dele vem todo dom precioso e toda dádiva perfeita, pois ele é o Pai das luzes, que como o sol brilha dia e noite. Deus, que é amor, só pode amar. Deus, que é perdão, só pode perdoar. Deus não pode amar e vingar. Nem pode perdoar e castigar. Ou ele seria não como o sol, mas como a lua. A lua ora é cheia e ora é nova; ora é crescente, ora é minguante. Deus, no entanto, não tem fases como a lua. Ele é uno, sempre bom e sempre amoroso. Ele desconhece sombras. Ele nos gerou por puro amor, sem nenhuma obrigação de fazê-lo. Deus é amor e não vinga, não pune e nem castiga ninguém. Ele cuida de nós com amor, pois somos as primícias de sua criação.

Causo da Vida
Uma pessoa do grupo faz a leitura do causo da vida. Ao final, o grupo pode conversar sobre a narrativa e enriquecê-la com outros exemplos do cotidiano.
Passos era um jovem trabalhador, cheio de sonhos, pai de dois filhos. Com a pandemia, tornara-se motorista de aplicativo. Dia e noite, carregava gente “pra-qui-e-pra-li”. Até parece que, no seu nascimento, seus pais adivinharam a profissão do menino quando lhe deram este nome curioso: Passos Dias Aguiar. Passos, por causa do Senhor dos Passos; Dias, que era o sobrenome da mãe; e Aguiar, que era o sobrenome do pai.
A história foi a seguinte. Até 2019, Passos ia bem na empresa onde trabalhava, mas com a crise sanitária veio a crise do desemprego. Ele aceitou pacientemente a demissão e disse: “Seja feita a vontade de Deus. Mais tem Deus pra dar que o diabo pra carregar”. Então, pegou o acerto da firma e montou uma pequena empresa de entregar marmitas. Mas era tanta gente entregando comida, que não foi possível prosperar. Passos disse à esposa: “Deus está nos provando. Vamos ficar firmes na fé”. A mulher abriu uma fabriqueta de máscaras, mas veio a chuva e o rio subiu levando tudo: tecidos, máquinas etc. Passos, muito religioso, dizia: “É tentação do diabo. Deus deixa o diabo tentar a gente para ver até onde vai a nossa fé”.
Por sorte, eles ainda tinham um carrinho, que era o xodó de Passos. Foi então que começou a trabalhar como motorista, honrando seu nome. Estava até feliz e dizia: “Deve ser essa a vontade de Deus”. E trabalhava dia e noite para garantir o sustento da família. Assim se deu até o dia em que Passos foi assaltado e levaram seu carro. O homem adoeceu de tristeza e passou a depender do auxílio emergencial, que, além de pouco, durou pouco tempo. Ao final, cansado de tudo isso, viu sua esposa adoecer de covid-19 e falecer sem tratamento na fila do Pronto Socorro. Passos exclamou como Jó: “Deus deu; Deus tirou. Se aceitamos a felicidade das mãos de Deus, por que não aceitar a infelicidade?”. E amargou no coração uma mágoa oculta contra Deus que – no seu entender – lhe desferira tantas desgraças. Abraçou a imagem do Senhor dos Passos e, ensandecido, como se o crucifixo fosse um volante, saiu pelas ruas dirigindo seu carro imaginário. Seus dois filhos foram criados pelos avós, e Passos passou o resto de seus dias entre a loucura e uns poucos instantes de lucidez, sempre repetindo o seu mantra: “Seja feita a vontade de Deus!”.

Oração
Dirigente: Irmãs e irmãs, O Deus de Jesus é um Deus parceiro e amigo, e não um Deus que nos prova e tenta.
Grupo: Deus não tenta nem prova ninguém, porque Deus é bom o tempo todo. Não há lugar entre nós para um Deus castigador, que prova a gente e permite a tentação.
Dirigente: Rezemos ao Deus amigo, pedindo que não tarde a vir a nós demonstrando sua proximidade. Façamos nossas as palavras de Luciana Silva, na continuidade do poema que utilizamos no encontro anterior.
A oração pode ser rezada em dois coros
A: Bem aventurados os que têm mãos e braços que acolhem, simplesmente porque são humanos, e sendo humanos, são solidários...
B: Bem aventurados os pés que caminham pra fazer o bem, pra ser irmão dos marginalizados, dos esquecidos, do pobre ainda invisível...
A: Bem aventurados os que sabem fazer silêncio  quando não sabem o que dizer, e os que sabem falar no momento certo a palavra que revigora...
B: Bem aventurados os que têm medo  da ganância,
do egoísmo, do poder sem freios e sem controle ladeira abaixo, e se refugiam na coragem do bravo guerreiro, que morre, mas não perde sua dignidade...
A: Bem aventurados os que têm esperança na bondade, não obstante tanta obscenidade de ações intempestivas e desastrosas que menosprezam a vida...
B: Bem aventurados os que são humanos, simplesmente porque nasceram humanos...
e se tornam divinos toda vez que fazem o bem...
Grupo: Bem aventurados os que fazem o bem
e fazem o “e daí” soar como som oco de madeira sem vida, sem caule e sem raiz....

Cantar a música n. 7, Cuida de nós, Senhor, ou outra do gosto do grupo.

Compromisso cristão
A catequese que recebemos nos ensinou que tudo o que nos acontece tem por trás a mão de Deus agindo, ora em nosso favor, ora em nosso prejuízo. Acreditamos, no fundo, que Deus joga conosco o jogo da vida, permitindo que nos sucedam graças e males. Enquanto seguidores e seguidoras de Jesus, devemos romper com compreensões que fortalecem a imagem de um Deus mau e perverso. Devemos entender que tudo o que nos sucede é fruto das situações da vida e da nossa história, queiramos ou não. Que tal começarmos a desmontar essa imagem do Deus tentador e nos entregarmos confiantes ao Deus amor?

Despedir-se alegremente de todos e marcar o próximo encontro.

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