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2. Deus é amor (2)

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28.01.2014 | 5 minutos de leitura
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2. Deus é amor (2)

Tomemos ainda o assunto do artigo anterior, o amor de Deus e sua bondade, pois esse tema dá o que falar e o que pensar.


Muitos de nós viemos de famílias tradicionais católicas. Aprendemos desde cedo que Deus tudo pode, tudo sabe, tudo vê. E crescemos cheios de perguntas que nunca tiveram respostas. “Se Deus tudo sabe, tudo vê e tudo pode, por que não faz o que deveria ser feito? Por que não acaba com o mal, por que não elimina as doenças, por que não extirpa o sofrimento e a dor da terra?”. A imagem do Deus todo poderoso que nos foi apresentada na infância não contribuiu para nos aproximar do Deus de Jesus Cristo. Essa imagem é meio sádica; parece que Deus sabe de nossas mazelas, pode fazer algo, mas não nos estende a mão. Uma imagem estranha de Deus, que não coaduna com o Deus da Bíblia, aquele que sempre se compadece de seu povo, que ouve seu clamor, que o acompanha na travessia da vida. Engraçado, ensinaram a nós que Deus é topo- poderoso, mas esqueceram de nos dizer que seu poder é seu amor. A melhor notícia ficou sem ser proclamada: “Deus é amor! Seu poder é sua capacidade de amar! Deus é todo poderoso em amor”.


Pensemos um pouco: Deus é todo poderoso; mas nós vivemos no tempo e no espaço, nos limites que a vida nos impõe. Não seria possível a vida humana fora dessa dinâmica da existência. Para eliminar a dor, o sofrimento, a morte, Deus precisaria eliminar a vida. Mas nós queremos a vida e os prazeres que ela nos dá. Nós temos um corpo. Amamos este corpo; ele nos dá prazeres maravilhosos por todos os sentidos que possuímos. Mas o corpo é limitado; em qualquer coisa que esbarra se machuca; adoece à toa; torna-se fraco com o tempo. Nós temos a inteligência, capaz de coisas incríveis e descobertas maravilhosas. Mas ela nos impõe um fardo, um caminho duro de pesquisa, de esforço e desgaste diário. Nós temos a capacidade de amar; e isso talvez seja o que mais valorizamos, porque o amor nos traz alegrias inenarráveis. Mas é exatamente esta capacidade de amar que também nos constrange quando não somos correspondidos, nos entristece quando nos separamos do ser amado, nos traz angústia quando nosso amor sofre.


Então, se é exatamente a vida que nós queremos, que nós amamos, e é em nome dela que reivindicamos a ação poderosa de Deus, ela deve ser vivida tal como é: na sua força e na sua fraqueza. Deus, que é todo poderoso no amor, nos acompanha e nos fortalece com esse amor para vencer as pelejas da vida. Seu poder de amor nos capacita, nos anima, nos revigora, mas não nos exime de estar na existência, e de suportar seus limites. Nossa dificuldade, muitas vezes, é que queremos uma vida fácil, com privilégios, em nome da filiação divina de um Deus que é amor. Mas vejamos o caso de Jesus, o Filho de Deus, que se encarnou na nossa história. Nos relatos dos evangelistas Mt e Lc, Jesus é tentado pelo demônio – não por Deus como vimos no artigo anterior, é bom lembrar – a exigir seus privilégios divinos. “Se és filho de Deus, manda as pedras se transformarem em pão...”. “Se és filho de Deus, lança-te daqui lá embaixo porque Deus mandará seus anjos te protegerem...” Jesus não caiu nessa armadilha. Não fez pedra virar pão, nem pulou lá do alto. Sabia que ele se esborracharia cá embaixo, como todo louco que salta do precipício. Sabia que a existência humana tem seus limites e que ele estava também sujeito eles. Mas nada impediu Jesus de experimentar o poder amoroso de Deus. Durante toda sua existência, nos limites do corpo como nós, Jesus sentiu a presença de seu Pai querido e a ele confiou sua vida. Foi isso que deu lhe forças para ficar fiel à sua missão até o fim. O fato de Deus ser poderoso e de Jesus ser filho de Deus não impediu que os sofrimentos da vida lhe atingissem, mas impediu que ele vivesse só, triste e desolado. O poder amoroso de Deus o acompanhou durante toda sua vida.


Então, ao dizer às crianças e aos jovens que Deus é todo poderoso, completemos a frase “todo poderoso em amor!”. Ele nos ama com todas as suas forças, muito além do que qualquer pessoa poderia nos amar. Seu amor nos envolve num abraço maravilhoso que nos conforta e nos dá forças, como uma mãe que abraça o filho e o conforta na hora da dor. A mãe ama o filho e dá a vida por ele, mas a dor do filho é dele e não dela. Ela o acompanha e anima a suportar e a vencer sua dor, mas ela não pode eliminá-la. Assim acontece com Deus; ele nos ama e nos ampara, mas não pode eliminar a dor que é própria da vida, ou teria que eliminar com a dor, a própria vida. Em vez de eliminar a dor, ele, com seu amor, nos capacita a enfrentá-la. Estamos certos disso: Deus é amor e essa é nossa força.







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