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71. A família e seus desafios

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13.05.2016 | 4 minutos de leitura
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71. A família e seus desafios

Em tempos de Francisco, a Igreja é convidada a repensar sua pastoral familiar, assim como o conceito de família. O papa Francisco tem nos convocado para um exercício pastoral misericordioso, que nos obriga à acolhida de todas as pessoas, especialmente daqueles grupos cuja tradição eclesial até agora foi de culpar, excluir e discriminar.


Por muito tempo, era lugar comum dizer que os casais de segunda união estavam fora da comunhão com a Igreja. Isso nos dava o direito de excluir essas pessoas das diversas atividades paroquiais, desde ser padrinhos de batismo até ser leitores nas celebrações. Parecia-nos tão normal essa atitude, que muitos nem questionavam se esse casal vivia a fraternidade, se formava uma família feliz onde as relações são pautadas pelo amor. O simples fato de os cônjuges estarem unidos sem o sacramento do matrimônio era suficiente para uma condenação à exclusão eclesial.


O tempo foi passando e a gente foi vendo que nem tudo é tão claro como parece. Primeiro, muitos casais que receberam o sacramento do matrimônio não vivem a aliança jurada no altar. Logo, o sacramento por si só não é garantia de fidelidade um ao outro, nem aos filhos, nem a Deus. Segundo, muitos casais de segunda união vivem um amor admirável, numa relação respeitosa que só fazem bem um ao outro, aos filhos e ainda dão testemunho diante do mundo que o amor vale a pena. Terceiro, por que excluir quem, ao longo da jornada da vida, cometeu um equívoco em relação às suas escolhas e agora quer corrigi-las? Por que a escolha equivocada que envolve a relação sexual é mais grave que outras escolhas também não acertadas? Por que vitimamos casais de segunda união ou outros modelos de família e nos esquecemos de condenar com a mesma veemência a corrupção, a mentira, a trapaça, a maledicência?


Bom, a vida concreta mostrou que as regras eclesiais são boas, mas não são absolutas. Acima de toda lei está sempre o amor. O princípio da misericórdia, evocado por Jesus no Evangelho de Lucas na cena da pecadora que lava seus pés, deve ser continuamente reiterado nas nossas comunidades eclesiais. O mundo passa por mudanças gigantes. As pessoas adotam novos modos de pensar e de se posicionar na sociedade. É normal que as famílias também ganhem novas configurações. É hora de aproveitar o apelo do papa e começar a repensar nossos conceitos, nossa compreensão de família. Não seria o amor, o cuidado com o outro, o zelo e a fidelidade os critérios máximos da família? Ou seria o rito religioso a norma máxima que a regula? Como diz um slogan conhecido por aí: “família: meu pai, minha mãe, minha tia, aquele que cuida de mim todo dia”. Se Jesus não discriminou nem rejeitou nenhum daqueles que dele se aproximou, ao contrário, se ele acolheu a todos com amor, por que nós não iríamos fazer o mesmo? “Não é o discípulo maior que o mestre”, lembra-nos Jesus (Lc 6,40). Como bons discípulos, sigamos os passos do mestre, acolhendo as famílias nos seus diversos formatos. Tentar “moralizar” a situação não ajuda em nada. Com moralismos, caímos no descrédito, pois não é assim que funciona mais a relação das pessoas e do mundo com a Igreja. Já foi o tempo em que “a Igreja falou, água parou”. Agora as pessoas querem ser ouvidas, querem dar as razões de suas escolhas, querem ser responsáveis por suas próprias decisões. A relação Igreja-povo hoje é mais dialogal; não se admite mais uma palavra unidirecional da parte da Igreja, só porque ela fala em nome de Deus. Sabemos que Deus age no íntimo do coração humano, e não só na instituição-igreja. Acolher, dialogar, aceitar o dom de si que essas famílias ofertam é a melhor opção. Fica aí a dica.







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