109. Mapear as necessidades
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05.11.2020 | 4 minutos de leitura

Dicas diversas

A fé cristã tem como um de seus pilares o mistério da encarnação. É no chão da história que o Verbo Divino se encarnou e toda sua vida mostra que a história humana é o lugar da salvação. Notemos como os evangelistas perceberam a necessidade de relatar a salvação acontecendo nos tortuosos caminhos humanos. Os personagens bíblicos que se encontram com o Mestre de Nazaré, quase sempre, lhe apresentam suas debilidades e necessidades mais urgentes. Raramente Jesus vai chegando e fazendo o que lhe dá na telha, como diria meu pai.
O cego de Jericó é um caso típico. “Que quereis que eu vos faça?”, pergunta Jesus ao homem antes de qualquer iniciativa própria. O mesmo se deu com o leproso. E, à mulher adúltera, pergunta: “Onde estão os que te condenam?”, dando voz àquela que até o momento havia sido furtado a direito de se pronunciar.
Para que um trabalho pastoral obtenha êxito, é preciso mapear as necessidades do povo. A gente pensa que sabe do que as pessoas precisam, mas elas nos surpreendem. Tomemos como exemplo aqueles e aquelas que procuram as igrejas que pregam a Teologia da Retribuição. Ficamos escandalizados de ver que são explorados e manipulados, são objeto da ganância de pastores mal-intencionados, mas continuam lá sem arredar o pé da igreja. Acontece que esses tais pastores souberam mapear as necessidades mais urgentes desses grupos fragilizados e lhes ofereceram em forma de ilusão uma solução para seus problemas.
Isso não quer dizer que o famoso argumento “o povo gosta” se tornou um critério pastoral e que também vamos ofertar ilusões para competir com essas empresas que vendem a fé. Não é nada disso. Mas devemos admitir que, sem saber do que o povo gosta e do que ele precisa, não podemos prosseguir nos caminhos pastorais. Um pouco de sensibilidade e de escuta só podem fazer bem. Sem vender a alma para o diabo, como dizem os mineiros, podemos construir uma pastoral sólida e eficaz, a partir das necessidades de nossa gente.
Nosso povo está indo atrás dos youtuberes da fé? Está dando ouvidos a qualquer influencer digital e não ouve seus pastores? Está preferindo celebrar com uma comunidade de vida, conservadora e integrista, do que com a comunidade eclesial? Prefere ficar em frente a TV assistindo as redes católicas de fragilíssima teologia a frequentar a formação paroquial? Que tudo isso tem a nos dizer? Certamente essas preferências tem algo a nos ensinar. Basta a gente ter boa disposição e humildade para aprender.
Condenar os métodos dos líderes desleais, depreciar o povo e não oferecer nenhuma atividade alternativa é simplesmente dar murro em ponta de faca. Não nos darão ouvidos. As ovelhas não largarão os mercenários que as pastoreiam a não ser que reconheçam em algum outro líder o pastor do qual necessitam. Não abandonarão as pastagens contaminadas, a não ser que experimentem pastagens mais saborosas. Com gritaria, xingamentos e sarcasmo, só faremos as ovelhas se dispersarem ainda mais. Muito esbravejar fará com que nos identifiquem com lobos ferozes, que chegam uivando antes de atacar, ou com ladrões desajeitados, que tropeçam nos próprios pés fazendo barulho pela casa. Diálogo e humildade nunca são demais na pastoral. Uma conversa mansa e esclarecedora vale mais que mil invectivas com testa roxa de raiva. É preciso dialogar e escutar para mapear as necessidades de nossa gente. É preciso levar a sério suas necessidades de afeto, de segurança, de proteção, de carinho e de acolhida. Não basta acirrar um discurso social baseado na Doutrina da Igreja; nem mesmo ensinar uma teologia sólida. A fé passa pelas relações, pois Deus não é uma norma moral nem uma definição dogmática, mas uma pessoa que nos ama. Assim, é preciso falar ao coração dos ouvintes, com empatia e docilidade. Em tempos de inseguranças sociais e uma sociedade plural, em que a afirmação da subjetividade está em alta, é preciso saber ofertar uma palavra que faz viver. Fica aí a dica.
O cego de Jericó é um caso típico. “Que quereis que eu vos faça?”, pergunta Jesus ao homem antes de qualquer iniciativa própria. O mesmo se deu com o leproso. E, à mulher adúltera, pergunta: “Onde estão os que te condenam?”, dando voz àquela que até o momento havia sido furtado a direito de se pronunciar.
Para que um trabalho pastoral obtenha êxito, é preciso mapear as necessidades do povo. A gente pensa que sabe do que as pessoas precisam, mas elas nos surpreendem. Tomemos como exemplo aqueles e aquelas que procuram as igrejas que pregam a Teologia da Retribuição. Ficamos escandalizados de ver que são explorados e manipulados, são objeto da ganância de pastores mal-intencionados, mas continuam lá sem arredar o pé da igreja. Acontece que esses tais pastores souberam mapear as necessidades mais urgentes desses grupos fragilizados e lhes ofereceram em forma de ilusão uma solução para seus problemas.
Isso não quer dizer que o famoso argumento “o povo gosta” se tornou um critério pastoral e que também vamos ofertar ilusões para competir com essas empresas que vendem a fé. Não é nada disso. Mas devemos admitir que, sem saber do que o povo gosta e do que ele precisa, não podemos prosseguir nos caminhos pastorais. Um pouco de sensibilidade e de escuta só podem fazer bem. Sem vender a alma para o diabo, como dizem os mineiros, podemos construir uma pastoral sólida e eficaz, a partir das necessidades de nossa gente.
Nosso povo está indo atrás dos youtuberes da fé? Está dando ouvidos a qualquer influencer digital e não ouve seus pastores? Está preferindo celebrar com uma comunidade de vida, conservadora e integrista, do que com a comunidade eclesial? Prefere ficar em frente a TV assistindo as redes católicas de fragilíssima teologia a frequentar a formação paroquial? Que tudo isso tem a nos dizer? Certamente essas preferências tem algo a nos ensinar. Basta a gente ter boa disposição e humildade para aprender.
Condenar os métodos dos líderes desleais, depreciar o povo e não oferecer nenhuma atividade alternativa é simplesmente dar murro em ponta de faca. Não nos darão ouvidos. As ovelhas não largarão os mercenários que as pastoreiam a não ser que reconheçam em algum outro líder o pastor do qual necessitam. Não abandonarão as pastagens contaminadas, a não ser que experimentem pastagens mais saborosas. Com gritaria, xingamentos e sarcasmo, só faremos as ovelhas se dispersarem ainda mais. Muito esbravejar fará com que nos identifiquem com lobos ferozes, que chegam uivando antes de atacar, ou com ladrões desajeitados, que tropeçam nos próprios pés fazendo barulho pela casa. Diálogo e humildade nunca são demais na pastoral. Uma conversa mansa e esclarecedora vale mais que mil invectivas com testa roxa de raiva. É preciso dialogar e escutar para mapear as necessidades de nossa gente. É preciso levar a sério suas necessidades de afeto, de segurança, de proteção, de carinho e de acolhida. Não basta acirrar um discurso social baseado na Doutrina da Igreja; nem mesmo ensinar uma teologia sólida. A fé passa pelas relações, pois Deus não é uma norma moral nem uma definição dogmática, mas uma pessoa que nos ama. Assim, é preciso falar ao coração dos ouvintes, com empatia e docilidade. Em tempos de inseguranças sociais e uma sociedade plural, em que a afirmação da subjetividade está em alta, é preciso saber ofertar uma palavra que faz viver. Fica aí a dica.
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