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16. A força instituinte do cristianismo

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11.06.2015 | 3 minutos de leitura
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16. A força instituinte do cristianismo

No artigo anterior, falamos sobre a catequese da proposição. A fé cristã é uma oferta de Deus aos homens, sem nenhuma imposição da parte dele, e o mesmo deveria acontecer na prática catequética. O ato catequético, por causa da gratuidade do amor de Deus, favorece o exercício da liberdade, da acolhida, sem constrangimentos, sem demarcações desnecessárias – só as que são próprias do amor! –, sem estreitezas institucionais ou históricas, sem coerção dogmática ou violência simbólica.


Vivemos outrora, tempos em que o cristianismo era uma força instituída na sociedade. Com isso, a fé cristã se impunha por força dessa presença institucional. Uma força instituída é aquela cujas bases estão muito bem assentadas na história, em que o espaço da instituição se encontra estabelecido e a instituição não sofre ameaças de fora que venham a desacreditá-la. O cristianismo – e a fé cristã, consequentemente – gozava de privilégios na sociedade tradicional e até mesmo na sociedade moderna. Na sociedade moderna, a força do cristianismo advinha de sua mensagem humanizadora; a fé cristã foi entendida como humanismo cristão e, mesmo com toda secularização, não lhe faltava o respeito da sociedade, exceto de alguns poucos que lhe faziam oposição frontal. Entendia-se, com isso, a Igreja como instituição digna de credibilidade, pois portadora de uma mensagem que humanizava, que trazia melhores condições de vida ao meio no qual ela se estabelecia, graças à sua defesa dos valores humanos. Mas, hoje em dia, nem isso sobrou ao cristianismo. O tempo mostrou que é possível ser humano sem ser cristão, pois ONGs sem nenhuma vertente cristã deixaram marcas maravilhosas de humanismo na história e homens não-cristãos viveram e defenderam valores verdadeiros com a própria vida.


Vivemos, pois, atualmente num mundo pós-cristão, no qual o cristianismo não é mais força instituída, mas força instituinte. Mas o que é isso? Uma força instituinte é uma força que não ordena mais o mundo, mas nem por isso perdeu sua potência. Observemos que o mundo secularizado e sem Deus não permite mais pensar a fé cristã como ordenadora da vida cultural, social, política e econômica como já foi um dia. De uma situação fortemente instituída, bem estabelecida e com reconhecimento, o cristianismo pode se tornar efetivamente instituinte. Para isso, há de pagar um preço: reconhecer que foi destituído por outras forças instituintes da sociedade, que funcionam muito bem sem ele e contra as quais o cristianismo não pode grande coisa. O mundo não precisa mais da hipótese Deus para se manter, para se explicar, para se humanizar. Essa humildade é condição imprescindível para uma boa catequese hoje. Deixemos a catequese da obrigação e da imposição da fé cristã para a catequese da proposição da fé. Esse é grande passo catequético, muito importante para nossos tempos!







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