Evangelho DominicalVersículos Bíblicos
 
 
 
 
 

15. Crer no Ressuscitado

Ler do Início
01.05.2015 | 5 minutos de leitura
Fique Firme
Saiba mais
15. Crer no Ressuscitado

Jesus ressuscitou: essa é nossa fé. Mas o que é mesmo a fé? A fé, dizem alguns, é um dom. Sim! Pois Deus mesmo, em Cristo, se dá a nós e nos comunica seu amor. Pura graça! Dom maior! Sem essa autocomunicação de Deus, jamais saberíamos quem ele é e, então, como poderíamos conhecê-lo, amá-lo e segui-lo? Nesse sentido, a fé é dom, pura gratuidade! O Deus amoroso e bom se revela a nós; nos faz capazes de desejá-lo e de acolhê-lo.


Ora, mas a fé é também resposta humana. Resposta que cada um precisa dar ao Deus amoroso que o interpela, convoca, chama pelo nome. Nas Escrituras, vemos sempre Deus chamando pelo nome. No Antigo Testamento, Deus chamou Abraão e fez uma aliança com ele. Depois renovou essa aliança, chamando Moisés e confiando a ele sua Lei. Mais à frente, Samuel ouviu a voz do Senhor. E a lista não para aí: é só conhecer a vida dos profetas: Isaías, Amós, Elias e tantos outros. No Novo Testamento, não faltam nomes também: Maria, Pedro, Natanael, Mateus, Maria Madalena, Zaqueu, Paulo de Tarso... Homens e mulheres de Deus que ouviram o chamado do Senhor e disseram seu sim; isso é fé.A fé cristã não pode ser entendida, então, como um sentimento, uma força, uma coisa boa no peito. É bem mais: a fé cristã é adesão a Jesus Cristo e à proposta de seu reino. Mas há muitas confusões com a fé cristã por aí. Vejamos!


Ter fé não é fazer tudo direitinho, cumprir todas as exigências legais da religião, comportar-se como um santo ou coisa parecida. Muito menos cumprir todos os preceitos, pagar o dízimo, guardar os dias santos, ir às missas regularmente e confessar-se uma vez por ano. Tudo isso é importante, mas ainda não é fé.


Ter fé não é saber de cor e salteado as coisas da religião. Uma pessoa pode saber muitas coisas sobre a fé, mas seu coração pode não pertencer ao Senhor. Pode ter os mandamentos na ponta da língua, estudar – e até ensinar – o Catecismo da Igreja Católica. Pode também ser teólogo de renome e explicar com coerência e clareza as questões teológicas que dizem respeito à fé cristã, sem ter fé. Conhecer nossa fé é importante, mas ainda não é fé.


Ter fé cristã não é também ter bons sentimentos, nem comover-se diante da dor alheia. Muita gente tem coração sensível e bom e nem por isso tem fé cristã. Ter fé nem é mesmo fazer caridade, dar esmolas, visitar os doentes, socorrer os aflitos, apesar de isso ser coisa boa e necessária. O bem, o amor, a bondade não são exclusividades da fé cristã. Eles transcendem o campo da religião, ainda bem. O amor e a bondade são próprios do ser humano, que, mesmo sem crer, se movimenta em direção ao outro em gestos de ternura e cuidado. Tudo isso, pois, é bom, mas ainda não é fé, apesar de fazer parte dela.


Ter fé não é viver buscando os favores de Deus, andar atrás de milagres, fazer promessas, novenas, rezar pedindo cura ou acreditar no Deus do Impossível, como dizem muitos por aí. Rezar é importante, acreditar no amor de Deus é fundamental, mas viver atrás dele pelos favores e benefícios que pode nos oferecer ainda não é fé; é barganha, negociação com Deus. E Deus está acima de tudo isso: não aceita chantagem, nem mesmo as mais piedosas.


Mas, então, o que é ter fé cristã? É acolher o Ressuscitado em nosso coração, aceitando a proposta de vida que ele nos faz. Esse encontro com Jesus transforma a gente desde dentro, lá nas entranhas mais profundas. Até as dobras mais escondidas e as vagas mais tenebrosas passam a ser – pouco a pouco – iluminadas por ele. Jesus nos revela o amor do Pai e nos dá seu Espírito, capacitando-nos para o seu seguimento. Tudo ganha sentido novo à luz desse encontro. Então, seduzidos por seus encantos, abrimos mão de nossa vidinha medíocre, abraçamos nossa cruz e seguimos seus passos.


Essa, pois, é tarefa irrenunciável da catequese: apresentar Jesus Cristo aos catequizandos e motivá-los a responder favoravelmente a ele. Como disse o papa Bento XVI, ninguém se torna seguidor, discípulo de Jesus, por causa de uma doutrina bem elaborada ou por causa dos preceitos morais que a religião cristã ensina, mas porque fez um encontro pessoal com Jesus Cristo e não resistiu ao seu apelo. Esse encontro transformador nos interpela desde dentro e nos arranca de nós mesmos, provocando uma saída, um êxodo, uma caminhada de seguimento. Provocar esse movimento é tarefa da catequese; isso sim é transmitir a fé.







Conteúdo anterior:    14. Venceu a morte

Próximo conteúdo:    16. Seguir o Ressuscitado

PUBLICIDADE
  •  
  •  
  •  
  •  
  •