10. Quem canta reza duas vezes


Qualquer pessoa minimamente observadora já reparou a importância da música para a nossa cultura. Por todo lado se ouvem canções. No rádio, na TV, no MP3, no celular, no aparelho de CD. No trabalho, em casa, no carro, nas instalações comerciais... Tornou-se difícil encontrar um lugar silencioso, onde não haja uma musiquinha tocando. Somos um povo musical. E não é à toa. A música toca a alma, entrete a cabeça, anima o corpo, unifica as pessoas, alegra o ânimo, registra os momentos... Nossa memória vive povoada de canções mais ou menos marcantes que, num dado momento, ressurgem com força total despertando em nós emoções adormecidas. A música tem magia: encanta, acalma, eleva a alma.
Mas o que tem a catequese a ver com a música? Qual a importância da música na catequese? Tem pais e catequizandos que estranham a presença constante da música nos encontros catequéticos. Alguns até reclamam: “Meu filho não está estudando nada na catequese. Lá eles ficam só cantando!”. Ou se perguntam: “Para que tanta cantarola?”. Bem não é verdade que nos encontros catequéticos a presença da música sufoca outros elementos como a partilha, a oração, a escuta da palavra de Deus, a brincadeira e até o estudo. Tem momento pra cada coisa. Mas se a música tem mesmo o poder de criar disposições interiores, de arrebatar o coração, de provocar na gente emoções especiais, então nada mais apropriado para favorecer a experiência cristã de Deus que uma boa canção. Como sabiamente diz o povo: “quem canta reza duas vezes”.
A força maravilhosa da música não pode ser desprezada no mundo da religião e da fé. De há muito a Igreja sabe o valor da música. No passado, nossas celebrações foram marcadas pela presença do canto gregoriano, do latim em quatro vozes, do som melodioso do órgão de tubo. Os monges e as monjas que o digam! E nos seminários, as aulas de músicas eram obrigatórias. Era difícil encontrar um ministro ordenado sem noções musicais mínimas e sem apurado gosto musical. Com o passar do tempo, porém, houve mudanças: o latim cedeu lugar à língua vernácula, o órgão deu lugar ao violão e até à guitarra e à bateria, a comunidade reunida que assistia a apresentação do coral transformou-se numa grande assembleia que celebra e louva seu Senhor. Não importa! Se não temos mais hoje, a não ser em raros casos, órgão de tubo e canto gregoriano nas igrejas, não quer dizer que devemos desprezar a música em nossos encontros litúrgicos e catequéticos. A música continua sendo um elemento importantíssimo para tocar o coração do povo, para motivá-lo à oração, para ajudar nossa gente na contemplação dos mistérios de Deus. E a catequese não pode ficar fora disso.
Eis, portanto, o motivo pelo qual a coleção Catequese Permanente valoriza tanto a música. Cada livro da coleção – usado para determinada idade – traz consigo um CD como encarte, com 18 a 20 músicas inéditas. Elas foram compostas especialmente para favorecer o encontro com Deus e com os irmãos, para promover a retenção dos temas debatidos, para fixar os conteúdos estudados, para alegrar a alma e ajudar a rezar. Afinal, não é qualquer música que serve para qualquer fim. O importante não é só cantar, mas cantar algo belo e apropriado para aquele momento. Num casamento, por exemplo, não parece oportuno um samba de enredo na entrada da noiva, mas algo singelo e romântico como pede a ocasião. Assim também, para cada momento, para cada tema catequético, fica bem uma determinada música. Não basta cantar canções populares, músicas religiosas de cantores mais conhecidos ou até canções propriamente cristãs gravadas por padres cantores que se encontram na mídia. É preciso cantar algo que ajude a despertar na turma o sentimento e a emoção que o encontro catequético quer oferecer. É preciso cantar algo cujo conteúdo confirme a reflexão do encontro e que tenha uma teologia confiável. Que adiantaria, por exemplo, gastar encontros e mais encontros para falar do amor de Deus, se depois insistimos em cantar músicas que insistem na teologia do medo? Que vantagem teríamos em ajudar nossa gente a lidar bem com as Escrituras Sagradas, fugindo da leitura fundamentalista, se depois cantamos canções que levam textos bíblicos ao pé da letra? Como promover uma saudável relação de nossas crianças e jovens com Deus se depois só cantamos canções devocionais ou músicas de anjos que voam pra lá e pra cá? Não basta que uma música tenha bela melodia – apesar de isso ser imprescindível – nem que ela fale de Deus, dos santos e dos anjos. É preciso muito mais: letra e música devem se harmonizar com os encontros, tocando o coração e encorajando nossa gente a se entregar a Deus. E também os encontros de adolescentes, jovens e adultos devem contar com o recurso da música para viabilizar a catequese. Quem disse que jovens e adultos não gostam de cantar? É só ir a um show musical que logo percebemos: a música é universal. Idosos, adultos, jovens, crianças... todos são tocados pelo poder da música.
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