CATEQUESE PERMANENTE - PRÉ-EVANGELIZAÇÃO 3

01.03.2023 | 6 minutos de leitura

CATEQUESE PERMANENTE - PRÉ-EVANGELIZAÇÃO 3

Dando seqüência à fase da pré-evangelização, apresentamos o terceiro volume sobre a caminhada do povo de Deus no Antigo Testamento. Nos dois volumes anteriores, falamos do Novo Testamento, tendo como foco a pessoa de Jesus Cristo, que é o centro da catequese. Nossa intenção não era, convém lembrar, fazer uma cristologia elaborada. Apenas quisemos mostrar às crianças o rosto de Cristo, para que com ele se familiarizassem.

Agora, vamos para uma empreitada que pode parecer mais complexa. Queremos falar às crianças sobre o Antigo Testamento. Isso pode parecer ousado, dada a complexidade dessa parte da Bíblia – por sinal, a maior parte. Ainda mais lidando com crianças pequenas.

Mas aqui está justamente nossa intenção. Queremos que as crianças tenham noção da história do povo de Deus, desde suas origens, porque isso também é importante. E o Antigo Testamento está repleto de histórias maravilhosas, carregadas de mensagens importantes e ensinamentos riquíssimos. O problema é que não temos, em geral, o costume de esmiuçar essa parte da Bíblia, porque a achamos complexa demais. Talvez seja complexa para o nosso raciocínio adulto, já viciado com interpretações fantasiosas dos textos bíblicos a que nos referimos nessa fase.

Pois então, vamos contar para as crianças as mais belas e surpreendentes histórias do Antigo Testamento, do jeito que deve ser, ensinando-as, desde cedo, como a Igreja entende esses textos e que mensagens tira deles. Vocês vão se surpreender vendo como as crianças terão mais facilidade do que se pensa de entender o conteúdo dessa fase, justamente por não estarem ainda – assim esperamos – viciadas pelas interpretações populares, nem sempre adequadas. E, se já tiverem visões distorcidas, o melhor é aproveitar a docilidade e a maleabilidade das crianças para ensinar uma versão mais coerente com a teologia católica, na medida em que puderem compreender.

Não vamos fazer um estudo acadêmico do Antigo Testamento. Vamos contar histórias. Afinal, o Antigo Testamento é genuinamente um conjunto de histórias da vida do povo de Deus.

Todo povo tem suas histórias, seus heróis e anti-heróis, seu passado, seu folclore, suas crenças. Todo povo guarda histórias do seu passado e as conta, formando uma base cultural importante. Quem nunca ouviu falar de Tiradentes – tido como o herói da Inconfidência Mineira – ou de Zumbi – o herói da resistência negra – ou de Garibaldi, Padre Cícero, Lampião. Quem nunca ouviu falar dos Bandeirantes, da ditadura militar, do movimento “Diretas Já”? Poderíamos citar uma lista enorme de pessoas tidas como heróis ou mesmo anti-heróis na história de nossa nação. Sobre cada um desses personagens há casos e lendas. E sobre cada acontecimento, há diversas versões e pontos de vista.

Pois bem. O povo judeu tem também suas histórias. E elas compõem uma base comum para a nossa fé cristã. Essas histórias e acontecimentos estão no Antigo Testamento. Vamos descobrir esses casos e ver que sentido têm.

Para facilitar, sugerimos que o catequista vá fazendo também um estudo bíblico, à medida que for vendo cada etapa. Para isso, colocamos muitas dicas para o catequista. O objetivo dessas dicas é ajudar o catequista a compreender melhor as diversas passagens do Antigo Testamento que vamos estudar. Compreender para entender melhor e para responder possíveis perguntas que as crianças porventura façam. Não se esqueça de que crianças dessa idade costumam ter muita curiosidade. E precisam de respostas corretas, mas adequadas à idade.

Se o catequista puder aprofundar o estudo sobre o Antigo Testamento, há farta literatura sobre esse tema. Sugerimos particularmente o livro de W. Gruen – O tempo que se chama hoje: uma introdução ao Antigo Testamento – publicado pela Paulus. É simples, profundo e fácil de ser lido e compreendido. Faz a gente entender e perder o medo do Antigo Testamento.

Nosso estudo, como das outras vezes, está dividido em quatro etapas. Na primeira, contaremos histórias do tempo dos patriarcas. Na segunda, falaremos do êxodo e da conquista da Terra Prometida. Na terceira, trataremos de um tempo muito importante, mas menos conhecido: o período da monarquia, com seus reis, a divisão de Israel, o exílio da Babilônia e o tempo depois do exílio. Na quarta, falaremos de temas da literatura sapiencial, focando os primeiros capítulos do Gênesis, de um modo que vai ajudar na compreensão desses textos que a gente costuma achar difíceis, embora sejam tão simples. Antes de cada etapa, fazemos breve apresentação para que o catequista se situe. Não se assuste se deixamos Gn 1-11 para a última etapa. É que estamos seguindo uma ordem cronológica, tanto quanto possível. E, pela cronologia, a literatura sapiencial vem depois de uma longa caminhada. A Bíblia não está organizada de acordo com a cronologia dos fatos. Mas, ao contar as histórias, vamos colocar as coisas em ordem cronológica, pois isso ajuda a ter uma visão geral e mais clara dos relatos.

Convém lembrar ainda a importância de valorizar a Bíblia em cada encontro, fazendo uma entronização dela antes de contar as histórias e mantendo-a sempre exposta em um altar. Não vamos falar disso a cada encontro. Mas o catequista verá como melhor fazer. No entanto, não vamos ler textos na Bíblia, nem ler as histórias. Lembre que histórias devem ser contadas, encenadas, dramatizadas, para que as crianças prestem atenção e entendam. Use todos os recursos possíveis para tornar as histórias criativas. Valorize a arte de contar histórias.

Lembramos ainda que em algumas orações e histórias, usamos uma linguagem mais coloquial e menos formal, que ousa inclusive misturar o “tu” com o “você”. Com isso, queremos mostrar que se deve usar uma linguagem correta, mas sem excesso de formalidade, falando “do jeito que o povo fala”, sem complicar demais, mas também sem excessos.

Esperamos que o estudo do Antigo Testamento, com a simplicidade das crianças, ajude o catequista a aprofundar a sua fé e ajude as crianças a resgatar essas histórias que antigamente nossos pais nos contavam, mas que os pais mais modernos não sabem mais contar a seus filhos.

Coisa que ajuda muito são as músicas. Nessa etapa, procuramos colocar músicas que ajudam a fixar os conteúdos e brincar com os temas, pois criança aprende brincando. O catequista fique à vontade para usar também músicas de sua região. Lembramos que os CDs da pré-evangelização 1 e 2 oferecem opções interessantes de músicas que sempre podem ser usadas.

No mais, desejamos bom trabalho. Com muito empenho, fé e dedicação. Faça tudo o que for possível para ser um bom catequista. É nessa idade que as crianças vão adquirindo gosto pela catequese. Se gostarem, vão perseverar permanentemente. E é isso o que todos queremos.

Deus ilumine esse trabalho tão abençoado que você assumiu, unindo-se ao grupo de catequistas de sua comunidade.

Solange Maria do Carmo

Pe. Orione Silva

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