CATEQUESE PERMANENTE - EVANGELIZAÇÃO FUNDAMENTAL 4

22.03.2023 | 7 minutos de leitura

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Este é o quarto e último módulo dá série que chamamos de Evangelização Fundamental. Evangelização, porque tem como objetivo apresentar para os catequizandos a boa-nova de Jesus, a mensagem cativante e motivadora da fé. Fundamental, porque tem como objetivo construir os alicerces da vida cristã, em um processo de iniciação que leve o catequizando a mergulhar nos mistérios de Deus. 
No módulo 1, apresentamos a beleza de Deus, em seu amor pela humanidade e, ao mesmo tempo, a fraqueza humana, que nos leva a necessitar ainda mais da bondade desse Deus que é todo amor. 
No módulo 2, apresentamos Jesus Cristo, com seu projeto, sua pregação, sua vida, e convidamos os catequizandos a fazerem sua opção de fé em Jesus, aceitando o desafio de segui-lo. 
No módulo 3, falamos desse seguimento, mostrando aos catequizandos que é no discipulado de Cristo que realmente conhecemos Jesus e experimen-tamos sua presença viva. Nesse caminho do discipulado, não estamos sozinhos. Somos sustentados pela força do Espírito Santo. 
Agora, no módulo 4, vamos perceber que, no seguimento de Cristo, não caminhamos sozinhos. Somos Igreja! A fé cristã só pode ser pensada no âmbito da comunidade e nunca na solidão, ainda que ela seja uma decisão pessoal e intransferível de cada um que atende ao apelo de Jesus. Quando acolhemos Jesus e nos dispomos a segui-lo, percebemos que há muita gente nessa jornada. A fé nos leva, então, a abraçar um compromisso comunitário fundamental. Nós nos torna-mos, pela fé, membros de uma família, irmãos em uma comunidade. Assim unidos, encontramos ainda mais força para perseverar na fé. 
Com esse percurso, caminhamos desde o mistério do Deus que se revela até a necessidade de nos unirmos para viver a fé e o nosso compromisso com Ele. Entendemos que, no fim desse processo, o catequizando terá feito as experi-ências fundamentais do processo da iniciação cristã: primeiro, uma boa experiência de Deus, que é Pai amoroso, e da realidade humana, que é cercada de limites. O catequizando sentirá a importância de Deus em sua vida, amando-o e encorajando-o em suas fraquezas. Depois, a experiência de Jesus e do mistério da redenção, que consiste não somente em ser salvo por Cristo, mas em dar a ele uma resposta e se-gui-lo com fé. E ainda a experiência do Espírito Santo, que é nossa força no se-guimento de Jesus; afinal ninguém tem força para fazer esse caminho do discipu-lado sem a presença do Espírito. E a experiência de ser Igreja, pois ninguém inven-ta a fé cristã, nem faz seu seguimento na solidão. Nós herdamos a fé da Igreja, dela nos apossamos e a professamos com tantos outros irmãos que estão na mesma caminhada. 
É bom lembrar que essas experiências estão assim ordenadas somente para fins didáticos. Na vida daquele que acolhe a presença de Deus em seu cora-ção, elas acontecem simultaneamente. Não é possível fazer a experiência do Pai, senão por meio de Jesus Cristo, pela ação do seu Espírito, no interior de uma co-munidade eclesial. Mas é preciso tematizar cada uma dessas experiências, ofere-cendo ao catequizando não só a oportunidade de saborear essa presença misteriosa da Trindade, mas ajudando-o também a perceber que ele professa a fé em um Deus Uno e Trino. Não cremos em um Deus uno apenas: cremos no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Quando separamos as experiências em módulos distintos, não temos a intenção de separar as pessoas da Trindade. Queremos apenas distinguir a presença marcante de cada uma dessas pessoas. Não pretendemos diminuir a força da Trindade em nossa experiência de fé, ao contrário, pretendemos realçá-la.
Sugerimos, para o final desse módulo ou durante o mesmo, a celebração da primeira Comunhão, precedida da primeira Confissão. Esses dois sacramen-tos serão um rito importantíssimo nesse processo de mergulho nos mistérios fun-damentais da nossa fé católica. Nossa coleção de Catequese Permanente não está centrada nos sacramentos, mas no processo de evangelização dos catequizandos, ou seja, em sua iniciação cristã. Porém, dentro desse processo de iniciação, vamos situar a celebração dos sacramentos, como marcos na caminhada de fé. Ao terminar o que chamamos de Evangelização Fundamental, estamos em um momento muito oportuno para celebrar a primeira Confissão e a primeira Comunhão. Isso vale apenas como uma sugestão. 
Sugerimos que a celebração da primeira Comunhão seja precedida de alguns retiros. Seriam encontros especiais, para rezar e refletir, fazendo uma prepa-ração próxima para a primeira confissão e a primeira comunhão. No fim do livro, há sugestões para se organizarem esses encontros. 
O processo catequético, porém, não termina aqui. No próximo módulo, vamos continuar a catequese, agora com novo ânimo, pois os catequizandos já par-ticipam da mesa da Eucaristia e se fortalecem da presença de Jesus eucarístico. Depois de experimentar a alegria da boa-nova, por meio do mergulho nos mistérios de nossa fé, vamos ajudar os catequizandos – que, aliás, já devem estar adolescentes – na vivência desses mistérios, enfrentando os desafios que se avizinham. 
Neste módulo que ora apresentamos, esperamos que os catequistas também façam, juntamente com os seus catequizandos, esse mergulho no mistério de ser Igreja. É desafiador, mas estimulante, experimentar e compreender a fé em Deus que nos faz irmãos e partilhar a vivência da fé que nos torna comunidade: um só corpo, um só coração, uma só alma. Somamos nossas qualidades e talentos, mas também unimos nossas limitações e fraquezas, em um grande esforço de viver o que cremos. Vamos descobrir juntos os desafios de ser Igreja e a beleza de viver em comunhão, em um processo sempre iluminado pelo amor de Deus, cuja misericórdia tudo supera, pelo chamado de Jesus, cuja ação libertadora nos remete para além de nós mesmos, e pelo impulso do Espírito Santo, cuja força sempre nos sus-tenta nesse compromisso. 
Especialmente durante este módulo, sugerimos aos catequistas que in-centivem os catequizandos a perseverar na fé. Mostrem a eles que a nossa forma-ção nunca acaba. Isso ajuda a quebrar aquela visão, muito cristalizada entre nós, de que a primeira Comunhão é o fim de um processo, como a formatura no final de um curso. Devido a essa antiga mentalidade, muitos tendem a desanimar e aban-donar a catequese depois de fazer a primeira Comunhão. Porém, se o próprio catequista estiver convencido de que a formação é permanente, saberá mostrar aos catequizandos que o processo de iniciação na fé precisa prosseguir. A catequese é permanente e isso é fundamental. Comungamos não para concluir um processo, mas para nos unir mais ainda a Jesus e a seu povo que caminha aprofundando sua fé. Comunhão é união, não afastamento. 
Vamos combater, especialmente durante este módulo, o afastamento da catequese depois da primeira Comunhão. Vamos mostrar que, depois dessa caminhada, temos um compromisso maior com a Igreja, pois somos Igreja. E isso se expressa na comunhão e na participação, que supõem a continuidade da caminhada. A Eucaristia é alimento para quem caminha; quem está se tornando adolescente ou jovem precisa, ainda mais, da força de Deus. Não é a primeira e última comunhão. É o primeiro passo de quem tem um longo caminho a percorrer, um caminho de novas descobertas que nos leva ao amadurecimento de nossa fé, por-que não podemos crescer em tamanho sem crescer também em sabedoria e graça diante de Deus e do mundo. Não fosse assim, permaneceríamos eternamente como crianças na fé. 
Argumentos não faltam. Os catequistas se esmerem na conscientização de que a catequese é permanente. Não termina na primeira Comunhão. Mais im-portante que fazer a primeira Comunhão é viver sempre em comunhão e isso significa comungar sempre, participando da vida da comunidade e da Igreja. 

Que Deus ilumine e dê perseverança a todos os catequistas e catequizandos.

Solange Maria do Carmo
Pe. Orione Silva

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