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50. Cheia de graça

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08.09.2022 | 1 minutos de leitura
Pe. Valmir Andrade dos Santos – PODP.
Para Pensar
50. Cheia de graça
Cheia de graça, o vocábulo mais valoroso de toda oração angelical. Uma palavra convincente, carregada de esperança e de mistérios, no grego Kecharitoméne, isto é, repleta ou plena de graça (Lc 1,28). Essa palavra foi traduzida por São Jerônimo como gratia plena. Tradução correta, mas que ainda não diz tudo, uma vez que o tempo perfeito do tempo em que está o vocábulo grego indica uma ação realizada que deixa marcas perenes e não pode mais ser desfeita. As traduções africanas, anteriores a São Jerônimo, traduziram Kecharitomène como “gratificada”, ou aquela sobre quem a ação da graça se realizou. 
Kecharitoméne assinala uma ação que permanece. Maria foi plenificada pela graça, significando que se trata de alguém em quem a graça repousou, fez morada. Bem correspondido, o termo grego significa: a gratificada, a contemplada com o amor de Deus. Maria foi contemplada com a graça para ser santuário de Deus.
Geralmente, a teologia e a piedade popular têm associado vigorosamente Maria a Jesus em vista da relação da maternidade do salvador. A devoção popular chega a afirmar que Maria é importante por ser a Mãe de Jesus. No entanto, Lucas mostra que a sua qualidade fundamental não consiste apenas nesse fato. Certo dia, Jesus estava falando, quando, inesperadamente, uma mulher gritou: “Feliz o ventre que te carregou e os seios que te amamentaram”. Essas duas imagens, “ventre” e “seios”, apontam para a maternidade biológica. Diante desse anúncio, Jesus respondeu: “Felizes, sobretudo, são os que ouvem a Palavra de Deus e a põe em prática” (Lc 11,27-28). Santo Agostinho, interpretando essa passagem, afirma que Maria concebeu Jesus primeiro no coração e, posteriormente, no corpo. Ou seja, primeiramente, acolheu-o na fé. Dessa forma, sem a fé, de nada serviria a Maria ser a Mãe de Jesus.
Na parábola do semeador, Jesus deixa claro que o discipulado precisa desenvolver três atitudes fundamentais: ouvir, acolher e faze a Palavra frutificar (Lc 8,15). Lucas mostra que Maria tem, precisamente, as qualidades que caracterizam o discípulo de Jesus: Ela ouve com fé, guarda no coração e dá bons frutos.
Ao colocar Maria sendo saudada pelo anjo, Lucas contraria as expectativas do mundo antigo, que acreditava que Deus falava apenas aos homens. Deus a saúda e a plenifica com sua graça. A beleza de Maria não é a de ser mãe de Jesus apenas, mas a de ser uma mãe que faz a graça frutificar.

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