43. Músicas I


Já foi o tempo em que catequese e música estavam divorciadas. Hoje, numa aliança bonita, as duas dão as mãos e fazem seu trabalho evangelizador com eficiência. A música catequiza com sua beleza e harmonia; a catequese oferece dados existenciais e teológicos para a música ser instrumento evangelizador mais potente.
Cantar com o coração, com o corpo, com a alma é uma das experiências mais prazerosas da vida. A música deixa a alma leve, relaxa as tensões, elimina o cansaço... Ela transpassa a alma curando-a de suas mazelas. Hoje em dia, temos até técnicas musicais no intuito de amenizar as dores psíquicas. No tempo do rei Saul, um jovem pastor chamado Davi – depois rei de Israel – foi levado para a corte para tocar cítara e aclamar os nervos do rei um tanto quanto instável, bipolar talvez! A música tem provado sua eficácia terapêutica em todos os meios, não só no campo da saúde mental. Grupos de pessoas se reúnem para cantar e dançar, jogando fora as psicoses sociais, ludibriando a tristeza, exorcizando os demônios. É o caso da “Meninas de Sinhá”, grupo mineiro de senhoras socialmente vitimizadas pela violência e rotuladas como portadoras de insanidades mentais. Cantando e dançando, elas readquiriram seu equilíbrio, redescobriram o lado lúdico da vida, mesmo em meio aos sofrimentos.
Em todas as culturas, a música está muito presente. Ela faz parte de ritos de iniciação, de celebrações diversas, estreitando os laços de pertença com suas sociedades. À beira do São Francisco, as lavadeiras cantam suas cantigas e iniciam suas meninas na arte da lavação. Os repentistas ensaiam suas respostas ao desafiante e ensinam seus filhos a fazer o mesmo. Os negros ruflam seus tambores e, ao som compassado de seus batuques, orientam seus jovens aprendizes. A mãe embala o filho no colo cantando cantigas de ninar que, para sempre, serão parte de seu patrimônio psico-afetivo. A música emociona, cria vínculos, estimula os sentidos, arrebata, transporta a gente para tempos vividos, lugares distantes, não só com suas belas letras mas com a harmonia de seus sons.
Não seria sensato da parte da catequese dispensar toda essa potencialidade da música para se encerrar somente em quadros cognitivos do ensino, sem deixar espaço para a emoção, para a interioridade, para o cultivo do belo. Na catequese do tipo encontro, a música tem lugar de destaque. Canta-se para socializar o grupo, para descontrair, para meditar, para aprofundar, para rezar... Canta-se porque a música é a linguagem da alma; fala ao coração. Por meio dela, o encontro fica mais prazeroso e mais rico de potencialidades, favorecendo o encontro pessoal com Deus, tão amigo do belo!
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