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39. Intenções de Missa II

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29.11.2014 | 4 minutos de leitura
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39. Intenções de Missa II

Ainda sobre as intenções da missa...


Na última dica pastoral, falamos sobre a oração pelas almas dos fiéis defuntos. Hoje, falemos sobre a famosa intenção “em ação de graças a um santo ou uma santa por uma graça alcançada”.


Já explicamos que a missa é ação de graças ao Pai, pela vida, morte e ressurreição de Cristo, na ação do Espírito. Logo, não parece coerente que a missa seja celebrada em ação de graças a outra pessoa que não ao Pai de Jesus e nosso.


Primeiramente, todo louvor e todo agradecimento deve ser dado a Deus e não aos santos. É dele que vem toda dádiva boa e todo dom do céu (cf. Tg 1,12-18) e não dos santos. Os santos são aqueles que – muitas vezes – nos despertam para Deus. O exemplo deles, sua vida de dedicação aos irmãos e de fidelidade ao Pai, nos impressionam e nos fazem seguir Jesus. Mas eles não são “funcionários do céu” que ficam ajudando a Deus a dar conta dos pedidos aqui da terra. A compreensão dos santos como uma espécie de gerentes de departamentos específicos no céu (santa Rita cuida das causas impossíveis; santo Antônio arranja casamento; são Brás cura a garganta etc.) é no mínimo deficiente, para não dizer equivocada. Acabamos fazendo uma espécie de panteão no céu, como se cada santo fosse um deus a serviço de determinada causa. Não são os santos que nos atendem; Deus é que está sempre atento a todas às necessidades de seus filhos. Logo, se alguém merece louvor por uma graça alcançada é ele.


Segundo, será que faz sentido agradecer por uma graça alcançada? O que será isso? Bem, a maior de todas as graças é a comunhão com Deus, alcançada pela ação do Espírito que ele derramou em nossos corações e nos faz chamá-lo com confiança de Pai. Tudo o mais é pequeno diante disso. Podemos até dizer que a maior graça da oração não é ter nosso pedido atendido, mas a graça de rezar, de estar em comunhão, de confiar, de estar na presença de Deus. Então, o que devemos agradecer não é uma graça alcançada, mas a graça da vida divina que Jesus ressuscitado nos garante. Essa é a graça que não cessamos de agradecer ao Pai na missa. Jesus ressuscitou e estamos em comunhão com ele, que vive no meio de nós, pela ação do seu Espírito. Isso é Eucaristia ou missa.


Então, o que fazer com as tais intenções por graças alcançadas? Eis um problema. A solução é, com jeito e pouco a pouco, ir formando nossa gente; ir ensinando aos fiéis que não faz sentido agradecer aos santos por algo especial que nos aconteceu. Não convém desviar o foco da ação de graças.


O que fazer então? Rezemos não “em ação de graças a são Fulano por uma graça alcançada”; rezemos em comunhão com aquele que, cheio de alegria, vem agradecer a Deus por uma dádiva que tanto buscava; recordemos sua devoção, seu santo predileto. Ou melhor, porque é devota de tal santo, a pessoa confia em Deus e se entrega a ele como o santo fez. Assim, agradece a Deus essa confiança, pois isso é dom de Deus. Uma graça alcançada deve, no máximo, ser agradecida em comunhão com o santo que ensina a amar a Deus e a confiar nele sem reservas. Mais que isso, parece estranho.


Mas e se a pessoa insistir; e só servir daquele jeito antigo? Bom, caridade pastoral é remédio para quase toda desinformação teológica. Antes da teologia, o amor. Antes da clareza, a caridade. Mas que, em nome da caridade, ninguém deixe de orientar o povo, pois também é caridade dar a conhecer a teologia. Tal experiência costuma ser libertadora. Fica aí a dica.







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