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82. Sistema de som dos templos

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10.03.2017 | 4 minutos de leitura
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82. Sistema de som dos templos

Coisa rara hoje em dia é um templo, uma edificação religiosa, com uma boa acústica. Aquelas construções magníficas de outrora – teatros, areópagos, templos etc. - em que um orador falava e era escutado por todos já não existem mais. Nelas, cantores soltavam o gogó, como diz nossa gente, entoando belas canções sem precisar de microfones. Atores representavam peças inteiras sem nenhuma ajuda de sistema amplificador. Nossos templos agora são bem mais modestos e não foram projetados para favorecer a comunicação. A acústica dos mesmos quase sempre é péssima e o sistema de som das paróquias também não ajuda muito. Com isso, a Palavra de Deus, que é comunicada nos ritos litúrgicos, fica seriamente comprometida. A boa-nova, que deveria ser comunicada dos telhados, mal chega nos primeiros bancos da Igreja e os participantes da liturgia ficam a ver navios.


Quando a missa era em latim e povo não sabia o latim, o sistema de som dos templos não era prioridade. Importava apenas o mistério celebrado! Tanto fazia se o povo escutava, se entendia, se participava. Mas, depois do Vaticano II, com a missa celebrada na língua vernácula – a língua do povo – parece muito estranho que os párocos não se preocupem com a comunicação que deve ser estabelecida na liturgia. Sem ela, a celebração fica gravemente comprometida. Certamente, não é o mistério que fica comprometido, é claro! Mas que adianta um mistério profundo e belo, se o povo não é nele mergulhado? O mistério é como o mar. Não basta ser visto, tem de ser experimentado. E, quanto mais se mergulha nele, mais se tem vontade de mergulhar. Logo, a liturgia não é um espetáculo com belas vestes e vasilhames caros, nem um ritual impecável, sem quebrar protocolos, a que o povo assiste. A liturgia é um culto. E culto é cultivo, comunhão, amizade que se aprofunda. Na liturgia, Deus fala e o povo responde. Mas não tem jeito de responder quando não se ouve o que é dito.


Não estou falando de gente dispersa que escuta os sons, mas não distingue as palavras por desatenção. Estou falando de sistemas de som que não possibilitam aos ouvintes saber o que está sendo proclamado ou o que está sendo dito na homilia. São caixas velhas, sem manutenção, ou microfones ruins, de péssima qualidade, que não produzem um som audível, mas apenas murmúrios ininteligíveis aos quais, mesmo com todo esforço da assembleia, não é possível compreender.


Não estou falando também de leitores pouco preparados para o seu ofício, cuja dicção é péssima e a leitura não é fluida. Nem de presbíteros que não sabem comunicar com beleza e clareza a Palavra de Deus. Não. Por enquanto, estamos falando apenas da do aparato técnico que não possibilita que os sons pronunciados na mesa da Palavra e na mesa da eucaristia sejam audíveis à assembleia litúrgica. Parece uma bobagem isso, mas não é. O que a gente espera quando vai celebrar é, no mínimo, poder escutar o que está sendo dito. Sem isso, impossível celebrar bem. Não é à toa que a Igreja tem se preocupado com a linguagem de libras, de forma que até os surdos possam ouvir a Palavra de Deus. É direito deles. E nosso também. Não poucas vezes fui a templos em que o som era tão ruim, mas tão ruim, que me senti surda, impossibilitada de ouvir o que estava sendo dito; impossibilitada de participar como gostaria do mistério ali celebrado.


Seria bom que nossos párocos se preocupassem com isto: um bom sistema de som para comunicar bem a Palavra de Deus, para ajudar a celebrar bem o maravilhoso mistério pascal que revivemos a cada eucaristia. Sem esse mínimo, impossível o povo celebrante sonhado pelo Vaticano II. Somos meros espectadores sem compreender o mistério celebrado. Investimentos em uma boa sonorização dos templos não é luxo: é pura necessidade. Fica aí a dica!







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