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76. Devoção aos santos

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01.09.2016 | 3 minutos de leitura
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76. Devoção aos santos

A devoção aos santos tem longa tradição na Igreja Católica. Há santos que são tão populares que chegam a ser um sucesso. É o caso de São Judas Tadeu, Santa Rita de Cássia e Santo Expedito, a quem a religiosidade popular atribui feitos estupendos, a ponto de serem considerados os protetores das causas impossíveis.


Certamente, esses e outros tantos canonizados pela Igreja são pessoas de vida cristã exemplar e seus testemunhos perduram na história nos motivando ao seguimento de Jesus. Há alguns, inclusive, cuja vida foi tão impregnada de autenticidade, que sua memória faz parte não só de um patrimônio religioso, mas de um patrimônio cultural. É o caso de São Francisco de Assis, de Santo Agostinho, de Santa Joana D’Arc e outros nomes que a história não esqueceu.


Sabendo de toda importância testemunhal dessas figuras, quando olhamos para a  devoção aos santos que se difunde na religiosidade popular, ficamos bastante desiludidos. Não criticamos o povo simples, sem oportunidade de instrução, que manifesta sua fé da maneira mais autêntica possível, nas expressões que estão ao seu alcance. Criticamos a escassez de formação para os leigos, formação que poderia lhes oferecer espiritualidade bem mais palpável, com teológica confiável e fundamentada. Em vez disso, assistimos a um incentivo às devoções populares, a ritos piedosos, mais próximos de superstições e crendices que da fé cristã genuína. Uma teologia duvidosa cresce entre o povo e ganha adeptos cada vez mais.


Assusta-nos ver que muitos de nossos pastores não se empenham em esclarecer o povo. Talvez porque é bem mais fácil deixar tudo como está. Pior ainda: convém criar e incentivar novas práticas devocionais que atraem milhares, enchem as igrejas e – perdoem-me! – rendem boas ofertas para os cofres das paróquias.


O tributo rendido aos santos começou com o testemunho dos mártires. O modo como eles enfrentavam o perigo, especialmente o sofrimento e a morte, impactou as comunidades eclesiais que passaram a conservar sua memória, celebrando em suas catacumbas, relembrando seus nomes e invocando a força que lhe possuiu a ponto de se entregarem no martírio. Cessadas as perseguições, outras formas de testemunhar se impuseram, tal como o abandono de todos os bens e da família para se entregar à vida religiosa consagrada. Com o passar do tempo, o rol dos santos cresceu até o infinito, a ponto de não ser possível mais elencá-los. Cumpre-se a profecia do Apocalipse: “uma multidão imensa, incontável” (Ap 7,9), santos e santas para todos os gostos, estilos e piedades...


O problema é o modo como nossa gente se relaciona com os santos. Tiramos dos santos a força do testemunho e lhes impusemos o fardo da intercessão. Fizemos deles uma espécie de “quebra-galho” na hora do aperto ou ainda “meninos de recado” que ficam pra lá e pra cá levando e trazendo mensagens entre nós e Deus. Aqueles cuja memória deveria ser invocada para nos recordar a força necessária para o discipulado do Ressuscitado transformaram-se em milagreiros que resolvem nossos problemas mais urgentes. Perdemos em teologia e testemunho; ganhamos em superstição e crendices. Uma troca lamentável. Recuperar o sentido teológico da presença dos santos na Igreja e reorientar a devoção popular é tarefa da qual não podemos nos esquivar. Fica aí a dica!







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