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48. Ave Maria na Missa

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03.03.2015 | 4 minutos de leitura
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48. Ave Maria na Missa

Vai e volta, a gente vê por aí o presbítero ou um animador da liturgia convidar o povo para rezar uma Ave-Maria na hora da missa. Às vezes, a Ave-Maria é rezada antes de começar a procissão de entrada. Funciona mais ou menos como um “psiu” ou “façam silêncio; a missa vai começar”. Outras vezes, ela está posta depois da comunhão, antes do oremos dos ritos finais. Em algumas ocasiões ela é invocada sob o pretexto de uma intenção qualquer, tipo: “Rezemos pelo casal, cujas bodas de prata celebramos hoje!” ou “Rezemos pela família tal, cujo ente querido celebramos 7º dia de falecimento!”. Bom, a intenção de ambas é boa, não há dúvida. Resta saber se a proposta é razoável. Vejamos!


No primeiro caso, soa bem estranho quando a comunidade reunida está chegando afoita e é interrompida por uma reza sem mais nem menos. Duas coisas são importantes nesse caso. Primeiro é saber que é inevitável que os participantes da liturgia façam certo barulho nos momentos que antecedem os ritos de entrada. A missa é uma festa, uma celebração. As pessoas vão chegando, se cumprimentando... isso é normal. Algumas não se veem há muito tempo; outras passaram a semana solitárias e agora reencontraram aqueles que amam. É natural querer conversar um pouco e isso faz parte da vida. Esse momento também tem sua função e não há nada de errado nesse barulho inicial. A igreja é casa de Deus, mas é casa de toda a família de Deus. Quando a família se reúne, o barulho acontece. Segundo é criar comunicação com a assembleia que celebra. Ora, não se cria comunicação, muito menos comunhão, rezando automaticamente uma Ave-Maria, mais com força coercitiva, de correção, de repreensão à comunidade em burburinho, que por piedade real. A Ave-Maria não deve ser instrumentalizada, usada equivocadamente para esse fim. Se o comentarista ou animador da comunidade deseja anunciar o começo da celebração e para isso deseja o silêncio necessário, faça-o com delicadeza e simpatia. Pegue o microfone e diga por exemplo: “Olá! Boa noite! Bem-vindos! É uma alegria recebê-los. Vejo que estão animados, alegres, reencontrando amigos que também vieram celebrar. Pois bem. Com esse ânimo vamos iniciar nossa celebração. Vamos fazer um minutinho de silêncio, vamos sossegar o coração e vamos cantar a música tal. Cantem conosco!’. Com tal palavra, o comentarista arrecadará a simpatia da assembleia e estabelecerá um elo comunicativo com as pessoas. É muito mais elegante conversar amigavelmente com os participantes angariando a simpatia deles que “riscar” uma Ave-Maria sem mais nem menos no meio do barulho, o que não nem educado, nem piedoso.


No segundo caso, a Ave-Maria, apesar de ser rezada piedosamente, está deslocada, além de representar um equívoco teológico. Está deslocada, pois não faz parte do rito da missa; é um corpo estranho à celebração. E representa um equívoco teológico porque não parece razoável, depois de ter rezado o mistério pascal – ou seja, a missa toda – sobrepor uma Ave-Maria a esse mistério. As bodas de prata do casal ou a vida dos parentes que sofrem a perda de seu parente querido já foram rezados durante toda a missa. A comunidade orante já colocou sua vida ali em oração. A liturgia é uma ação da vida; a vida toda é posta no altar de Deus-Pai junto com a vida de Cristo que lhe foi entregue. Não faz sentido achar que uma Ave-Maria vai fazer algo a mais, até porque não tem nada a mais para ser feito quando a vida da comunidade foi entregue em oblação a Deus.


Mas e o costume? Fazer o que com ele? Como alterá-lo. Ora, basta explicar pouco a pouco ao povo, com doçura e paciência. Nossa gente é lúcida suficiente para entender essas questões e se sente feliz quando esclarecida. Fica aí a dica.







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