Casa velha no fim da rua,
Samambaia enfeitando a sala,
Piso de vermelhão,
Chão encerado.
Ouço a voz de meu pai:
“Traz meu chinelo, menina!
O dia foi duro.
Ai que dor de estômago!”
Zezé se revolta lá dentro
Ao saber que quero acompanhá-lo.
“Não quero menina me rabeando;
São brincadeiras de macho!”, diz o menino.
Meu pai chegou de Ponte Nova.
Trazendo três maçãs vermelhinhas
enroladas em papel roxinho,
Pra dividir com os filhos.
Carinhoso meu pai,
Quase nunca chegava de mãos vazias.
O odor do amor era lilás
E perpetuava-se pela casa.
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