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28. Comunhão na boca

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01.06.2014 | 3 minutos de leitura
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28. Comunhão na boca

Sorrateira e piedosa, vem se reinstalando entre nós a prática da comunhão na boca, em vez da distribuição da comunhão na mão. Muitos argumentos têm sido usados para combatê-la, apesar de os documentos da Igreja insistirem no direito dos fiéis comungarem livremente, na mão ou na boca, como melhor lhes apraz. Alguns apelam para o argumento sanitário: seria anti-higiênico comungar na boca, tal é o risco de o ministro que distribui a comunhão tocar os dedos na língua do comungante e depois continuar a distribuição da Eucaristia com os dedos lambuzados de saliva cheia de bactérias. Não é sem razão esse cuidado, mas não é por isso que a comunhão na boca parece inviável. Ou seria inviável comungar também na mão, uma vez que esta não é flor que se cheire no quesito limpeza: cumprimento aos amigos na porta da igreja, dinheiro na cestinha ou sacola na hora do ofertório, aperto de mão na hora da paz... O problema da comunhão na boca parece outro: o deslocamento do sentido original de refeição, presente nos relatos bíblicos e conservado desde os primórdios da Igreja. A prática da comunhão na boca só se firmou tardiamente, quando a prática cristã realçou a presença do Ressuscitado na hóstia consagrada muito mais que na comunidade celebrante. Um verdadeiro culto eucarístico se desenvolveu e a Eucaristia, antes alimento fraterno que revelava a necessária comunhão para a fecundidade da vida, tornou-se fonte de adoração. Durante séculos, a Eucaristia foi objeto de adoração, tendo seu caráter original de refeição diminuído. A tal ponto chegamos, que muitos não se sentiam dignos de comungar; sentiam-se pecadores demais para se atrever a tal. A Eucaristia se tornou alimento para os puros, privilégio de alguns e não força para os fracos, alimento para os que desejam seguir em frente no discipulado de Jesus. Mas no começo não era assim. A Eucaristia (ação de graças a Deus por seu Filho Jesus na ação do Espírito) era em primeiro lugar refeição, banquete, momento de comer juntos. E era comida que se comia com as mãos. Falávamos, em outros tempos,demanducação (do latim, manus que significa mãos), ou seja, ato de comer com as mãos. Ninguém imagina, certamente, os discípulos recebendo hóstia na boca; nem, nas primeiras comunidades, alguém dando comidinha na boca de gente grande num banquete festivo. Não há dúvidas de que cada fiel pode comungar como quiser, mas também o bom senso ensina: o que foi pensado para manducar (comer com as mãos) não deveria ser transformado em gesto de piedade de tal forma que ninguém mais pode tocar. O ato de comungar na boca – e, em alguns lugares, de joelhos – mostra o deslocamento que a Eucaristia tem novamente sofrido e isso é lamentável. Que os cristãos de bom senso não tenham medo de estender as mãos para receber o alimento que nos foi dado para manducar, ou seja, comer com as mãos, aliás, tão puras ou impuras quanto a boca ou qualquer parte do corpo, dependendo do serviço que ela presta.







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