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232. Os olhos da fé

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11.06.2020 | 3 minutos de leitura
Yuri Lamounier Mombrini Lira
Crônicas
232. Os olhos da fé

“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)


 

"O essencial é invisível aos olhos;

é preciso enxergar com o coração”

(Exupéry)



O evangelista Marcos descreve no seu relato bíblico a cura do cego Bartimeu. Segundo o evangelho, Bartimeu era um mendigo cego que se encontrava assentado à beira do caminho quando ouviu dizer que Jesus passaria por ali. Ao saber da passagem de Jesus, Bartimeu ficou bastante inquieto e com insistência clamou a Jesus que lhe curasse.


Aquele cego enxergou em Jesus algo que os discípulos e outras pessoas que conviviam com Jesus ainda não haviam enxergado.  Na verdade, há muitas pessoas que preferem se fazer de cegos, não querem enxergar, optam por fechar os olhos. Não é de hoje que conhecemos o ditado: “o pior cego é aquele que não quer ver”. Outras pessoas, no entanto, descobrem que "o essencial é invisível aos olhos e que é preciso enxergar com o coração", como poetizou Exupéry. Certamente, Bartimeu representa essas pessoas. Aprendeu a enxergar o mundo com os olhos do coração, era sensível ao mundo que o cercava. O cego estava rodeado de pessoas insensíveis à sua dor; viam-no  apenas como um homem à margem do caminho, um excluído da sociedade, sem voz, sem vez, sem lugar. Porém, para Jesus, Bartimeu não era apenas mais um na multidão.


O relato da cura do cego Bartimeu faz lembrar a história de Miguilim, narrada por Guimarães Rosa, no livro "Campo Geral". Miguilim descobre ainda criança que era míope, graças à visita de um médico que passa alguns dias na fazenda onde o personagem morava. O médico percebeu que o menino tinha certa dificuldade pra enxergar e empresta seus óculos a Miguilim. Desde então, o menino passa a ver o mundo de um modo diferente: consegue enxergar novos horizontes, novas cores. Miguilim se encanta. O mundo para ele nunca mais foi o mesmo.


Isso pode acontecer também conosco. Muitas vezes, somos cegos como Bartimeu ou míopes na fé, como Miguilin; nosso olhar se ofusca ou se embaralha em meio à rotina da vida e, por isso, não somos capazes de perceber as maravilhas que Deus realiza em nós e através de nós. Precisamos nos deixar surpreender pelos óculos da fé, pela luz maravilhosa do evangelho de Jesus.


Como fez Bartimeu, com coragem, podemos suplicar: “Mestre, que eu veja!” Neste tempo de distanciamento social, essa é a súplica mais sincera que pode brotar de nosso coração: “Jesus, ensina a cada um de nós a enxergar o mundo e as pessoas com os seus olhos, para que sempre possamos ver além das aparências e enxergar o que de fato é essencial para as nossas vidas”.