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22. Somos Igreja

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04.11.2015 | 4 minutos de leitura
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22. Somos Igreja

O Espírito que a todos Jesus prometeu tem o dom, a capacidade, de nos manter no seguimento de Jesus. Nesse seguimento, não estamos sozinhos. Não trilhamos as estradas da fé isoladamente. Fazemos parte de uma comunidade de fiéis, uma Igreja, a que tantos outros, assim como nós, pertencem pela força da fé. Todos se esforçam para construir o Reino de Deus pela ação do Espírito do Ressuscitado.


A fé cristã é resposta a Deus que nos interpela em Cristo. Mas essa fé não é criação nossa, nem mesmo iniciativa nossa. Apesar de ser resposta a Deus, ela é um dom recebido pelo testemunho daqueles que nos antecederam. Fazemos parte de uma comunidade eclesial que nos transmitiu a fé que hoje, com alegria, professamos.


Foi assim desde o começo. Jesus chamou um grupo de discípulos para o segui-lo e ajudá-lo na implantação do Reino de Deus. A estes, deu a missão de anunciar sua palavra por meio do testemunho. Tudo que viram e experimentaram deveriam propagar por todo canto, até nos confins da terra. Esta era a missão dos seguidores de Jesus: fazer chegar a toda pessoa a boa nova da salvação que Jesus trouxe e ajudar cada uma delas a aceitá-lo pela fé; tendo aderido a ele, seus adeptos passariam a carregar consigo a presença do Espírito que ele nos deixou. Formou-se assim a Igreja.


É bom pertencer a uma Igreja, partilhar a fé, compartilhar experiências, celebrar juntos, viver a fraternidade e criar compromissos éticos com os irmãos. A fé cristã não se sustenta sozinha; não foi pensada para a solidão. Nasceu da comunhão, da fraternidade, da aliança entre aqueles que creem e, ainda hoje, é isto que ela é – ou deveria ser: um espaço de fraternidade e convivialidade na presença do Ressuscitado que nos congrega.


Certamente toda convivência tem problemas e a Igreja Católica não está isenta deles, como nenhuma outra. Ao contrário, desde o começo foi assim: forças e fraquezas coexistiram na Igreja. Os seguidores de Jesus tentaram viver uma vida de fraternidade e de partilha que acabou se tornando um sonho. É só ler os Atos dos Apóstolos. Lucas – o autor dos Atos – diz que os primeiros cristãos tinham tudo em comum, partilhavam a vida e os bens, formando um só coração e uma só alma (cf. At 2,42-47; 4,32-37). Mas basta ler mais um pouquinho para gente se deparar com uma realidade chocante: Ananias e Safira, membros da comunidade, mentem, enganam, trapaceiam... nem tudo era perfeito: faz parte da vida a realidade do pecado. É preciso saber viver com os limites da vida e buscar superá-los pela força da fé.


E, assim, a Igreja – os seguidores de Jesus – pouco a pouco, foi achando seu caminho, afirmando sua identidade, assumindo sua missão. Muita coisa aconteceu desde os primeiros seguidores de Jesus até nós. A Igreja tomou feições de acordo com o tempo, com as necessidades, com o ambiente no qual se estabeleceu. À medida que o grupo dos crentes foi crescendo, tornou-se importante solidificar alguma organização para possibilitar o anúncio do evangelho. Com o passar dos anos – e já faz dois mil anos que a Igreja começou seu caminho – a instituição ganhou forma. Surgiram os diversos ministérios, os diversos serviços, de acordo com a necessidade da comunidade e os dons de cada um. Até chegar ao formato de Igreja que temos hoje: uma instituição cujas bases estão bem assentadas, com regras e contratos, mas sem esquecer a sua coluna vertebral que é a fraternidade, a vivência do amor, base da fé cristã.


Fazemos parte de uma Igreja; somos uma Igreja. Cremos como Igreja e porque somos Igreja. A fé que professamos nos foi transmitida pela Igreja, que a conservou ao longo desses anos todos. Pertencer a esse povo e trazer sua marca – a fé cristã – é uma dádiva. Uma graça. Mas impõe também alguns compromissos. Toda pertença impõe responsabilidades, seja a pertença a uma família, a um time, a um amado... Existe uma aliança entre as partes. A Igreja nos transmitiu a fé; agora, como Igreja, assumimos nosso papel de transmitir essa fé recebida. E nós o fazemos não em nosso nome, conforme nossa vontade, a nosso bel prazer. Fazemo-lo como Igreja, como membros de um corpo que ajudam o corpo todo a crescer e a ficar forte. E à medida que fortificamos e amparamos os membros do corpo, somos amparados e fortificados por ele. Pertencer à Igreja é fazer parte de uma família: a família do povo de Deus.







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