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162. Em alto mar

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12.12.2017 | 3 minutos de leitura
Diego Lelis Cmf
Crônicas
162. Em alto mar

“Apenas tinha subido, Jesus,

na barca, o vento cessou” (Mt 14,32).



A tua presença


É tudo que se come, tudo que se reza.


A tua presença

Coagula o jorro da noite sangrenta.

A tua presença é a coisa mais bonita em toda a natureza.

A tua presença

Mantém sempre teso o arco da promessa.

A tua presença...


(Ney Matogrosso)



Muitas vezes, em um reencontro com amigos, costumamos dar notícias das nossas vidas com as frases: “Estou passando por uma tempestade”. Tal expressão é usada para dizer que estamos vivendo um momento difícil e turbulento, com ventos contrários e situações adversas, que insistem em balançar o barco da nossa existência, a ponto de quase naufragá-lo. Ou, ao contrário, dizemos que a nossa vida e projetos se encontram indo de “vento em popa”, expressão usada para falar que tudo vai bem e que a vida segue como o esperado.


Quem de nós nunca se encontrou numa dessas situações? Nossa vida é assim, muito semelhante a um frágil barco que se encontra em alto mar, sujeito a tempestades e intempéries, à mercê dos ventos e dos perigos do desconhecido mar existencial.


O mar, na linguagem bíblica, é o lugar onde habitam os monstros e a morte; é lugar perigoso e temido até mesmo para os pescadores. Os evangelhos nos trazem relatos de situações em que o mar serviu como cenário onde a fé daqueles que seguiam mais de perto o Mestre de Nazaré foi provada. Marcos nos fala do quase naufrágio pelo qual os discípulos passaram, enquanto Jesus dormia no barco, recostado sobre um travesseiro (Mc 4,38). O medo, os gritos e o desespero dos seus amigos fizeram-no despertar e Ele, com sua palavra, acalmou o mar bravio.


No evangelho de Mateus, aparece outro relato que tem o mar como cenário. Os pobres discípulos padecem de medo, pois é noite e o mestre não está com eles. A situação não era boa, mas a chegada do mestre trouxe consigo a acalmaria e o medo cedeu lugar à confiança e à paz.


Quantas vezes, o barquinho de nossa vida se vê ameaçado como a vida dos discípulos! As dificuldades parecem maiores do que nossas forças; sentimos que os ventos sopram contrário e nos impedem de seguir adiante. Sentimo-nos sem forças e parece impossível prosseguir por um dia mais que seja. Nosso coração e nossos olhos estão fechados pelo medo e não percebemos que o mestre que caminha conosco; esquecemo-nos que sua presença e sua palavra fazem as tempestades se acalmarem.


Nesses momentos, Jesus, como fez aos discípulos, pergunta a nós: onde está a tua fé? A fé é energia poderosa; ela dá coragem, capacita, anima, mas a gente se arriscar. Sabemos que as adversidades da vida permanecerão; os ventos insistirão em soprar contrário... Mas, se confiamos que o mestre caminha conosco, sua “presença coagula o jorro da noite sangrenta”. É importante prosseguir, enfrentando as tribulações com paciência. Como diz o poeta Lenini, “o que a vida pede de nós é um pouco mais de paciência!”.