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112. Quebrando pedras, plantando flores

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14.11.2016 | 3 minutos de leitura
Yuri Lamounier Mombrini Lira
Crônicas
112. Quebrando pedras, plantando flores



“Entre pedras, cresceu minha poesia

Minha vida,

Quebrando pedras e plantando flores”

(Cora Coralina)


 


Cada um de nós tem uma vocação específica, mas todos temos uma missão em comum. Essa missão em comum está descrita na profecia de Jeremias: “Vê: hoje eu te coloco contra nações e reinos, para arrancar e para derrubar, devastar e destruir, para construir e para plantar” (Jr 1,10). Aparentemente são duras essas palavras do profeta. Porém, elas revelam nossa tarefa durante nossa existência: ser construtores e jardineiros. Precisamos ao longo da vida aprender a destruir e devastar tudo aquilo que existe de ruim nos corações e que impede de ouvir a voz de Deus, para que possamos construir e plantar algo novo. Plantar esperança, sonhos, semear bondade e paz por onde passarmos.


Não faltam pedras no caminho. Drummond eternizou com seu poema a pedra no caminho: “No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra...” Muitas terão de ser quebradas; outras arrancadas; e ainda algumas, ultrapassadas, ignoradas, desprezadas... E, por que não, lapidadas? A vida fica mais leve e saborosa quando aprendemos a lapidar as pedras que vamos encontrando ao longo do caminho. Fazemos de um empecilho uma preciosidade; de algo bruto, um tesouro precioso. De modo belo, Cora Coralina poetizou que viveu “quebrando pedras e plantando flores”.Ah! As pedras... As pedras dizem tanto, servem tanto... Mas, para serem úteis, precisam ser quebradas, buriladas, lapidadas, atiradas para longe...


Algumas pessoas têm atividades insípidas; fazem tudo mecanicamente; cumprem sua função: vivem rolando e quebrando pedras, apenas. Outros, no entanto, fazem dessas mesmas tarefas um canteiro de flores. E isso dá sabor à sua vida e à vida dos seus. É preciso saber que,para cada pedra rolada, quebrada, pode nascer em seu lugar uma flor. Há pedras que não podem ser transformadas em flores. Não importa. Estas, usamos como alicerces para construções. Afinal, somos também construtores... Utilizamos estas pedras para construir belas edificações. A pedra da mágoa pode se tornar preciosa na edificação de uma boa relação quando transformada em perdão. A pedra da doença pode se tornar suporte para a construção de abrigos de ternura e aceitação. Afinal, nossa tarefa não é a de erguer edificações físicas, mas construir laços, comunhão, convivialidade... Nossa meta é ousar no amor, construindo relações verdadeiras e duradouras.


Não podemos perder a esperança! Em meio a tantas pedras que a vida oferece não nos faltam flores. O Papa, com insistência, tem nos recomendado a não desanimar: “Haverá muitas coisas más, mas o bem sempre tende a reaparecer e espalhar-se. Cada dia no mundo, renasce a beleza que ressuscita transformada através dos dramas da história”, disse-nos Francisco. Não nos esqueçamos de que, na vida, haverá sempre pedras para serem quebradas, mas haverá também terra para plantar e água para regar as flores.